terça-feira, 28 de junho de 2011

VILLA JUNQUEIRA

No livro Memórias Históricas de Poços de Caldas, de 2002, D. Nilza Megale contou:
   
"Um dos edifícios mais antigos e bonitos de nossa cidade é, sem dúvida, o da Vila Junqueira, que hoje abriga o Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas. Ele acompanhou grande parte da história da estância e é um do poucos prédios remanescentes da arquitetura do final do século XIX.
   
Quando D. Pedro II veio a Poços de Caldas para inaugurar o novo ramal da Estrada de Ferro Mogiana, trouxe em sua companhia o Ministro da Agricultura, Conselheiro Antônio Prado, proprietário da fazenda Santa Veridiana, próxima a Ribeirão Preto, onde o imperador se hospedou ao deixar a Vila de Nossa Senhora da Saúde das Águas de Caldas.
  
A jovem estância iniciou então uma fase de intenso progresso, atraindo grande número de visitantes entre as classes mais abastadas e diversos fazendeiros de café construíram belas residências na povoação. Um deles foi o irmão do citado Conselheiro, o senhor Martinho Prado Júnior, que mandou edificar em 1898, provavelmente por João Batista Pansini, no estilo das vilas neoclássicas italianas, a Vila Albertina, nome dado em homenagem à sua esposa.
   
Esta mansão foi adquirida no início do século XX pelo Coronel Agostinho José da Costa Junqueira, que ali se estabeleceu com sua família. Devido ao fato de ter pertencido muito tempo à tradicional estirpe poços-caldense, o edifício foi denominado "Vila Junqueira" pela população.
   
Após o falecimento do Coronel Agostinho em 1926 e de sua esposa dona Isaura em 1929, a casa serviu de "hospital seco", depois da revolução de 1930, para membros de um batalhão do exército, sediado em Belo Horizonte, que vinham fazer tratamento com as águas termais. Funcionou ainda como escola, quando o antigo Colégio Mackenzie foi reformado para abrigar o Ginásio Marista.
   
Em 1937, foi alugada pelo hoteleiro Abílio de Paula Souza e sua família, servindo como hospedaria, com o nome de "Hotel da Empreza", em homenagem ao tradicional hotel demolido em 1928. Permaneceram ali até 1941, mesmo depois que o prédio foi vendido com todo o terreno, para a Companhia "Hotéis de Poços de Caldas". Devido à construção do Cassino da Urca, o casarão passou a servir de depósito, escritório da Companhia, assim como de hospedagem para funcionários e artistas que se apresentavam nos "shows" da Urca.
   
Durante a gestão do prefeito David Benedicto Ottoni, todo o conjunto foi comprado pela Prefeitura Municipal de Poços de Caldas que, em 1962 cedeu o histórico edifício para a instalação do Ginásio "Virgínia da Gama Salgado", pertencente à Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. Essa escola, cujo nome foi dado em homenagem à mãe do vice-governador Clóvis Salgado, ali funcionou durante três anos, quando foi anexada ao Colégio Pio XII,que pertence atualmente à "Cooperativa dos Profissionais em Educação".
   
A 3 de abril de 1965, foi estabelecido na Vila Junqueira o Ginásio Estadual, que tendo sido aprovado como Ginásio João Pinheiro, voltou a ter o antigo nome. Segundo o contrato assinado a 12 de março, a Prefeitura entraria com o prédio e o Estado com os professores. Por ali passaram várias gerações de alunos até 1995, quando o Colégio foi transferido para outro local, iniciando-se as obras de restauração do bonito edifício, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Municipal em 1985.
   
Incorporado ao Projeto "Centro Vivo" para abrigar o Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas, a Vila Junqueira, reinaugurada em 14 de dezembro de 1996, abriu suas portas ao público interessado na história da cidade, assim como a todos aqueles que desejam pesquisar os acontecimentos políticos, sociais e artísticos do município".
   
As imagens ilustram o antigo casarão em duas fases. Na foto antiga, da década de 1940, de Décio Alves de Morais, nota-se o terreno da propriedade já abrindo espeço para a Urca, à direita, cercado por um muro onde se lê "Casas Pernambucanas". Na foto atual, tomada do mesmo ponto, é possível observar a estranha e árida praça construída em frente ao casarão.
   
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sábado, 18 de junho de 2011

CAMPO DE AVIAÇÃO

"O primeiro campo de aviação da cidade, foi construído provisoriamente na época da revolução de 1932, num pasto próximo à antiga estrada para Caldas, mais ou menos onde se situa a atual Sociedade Hípica", contou D. Nilza Megale no livro Memórias Históricas de Poços de Caldas.
   
A foto antiga, de 1952, foi enviada pelo amigo Paulo Roberto Zanatta. Observe no centro da imagem as pistas do aeroporto, ainda em sua forma primitiva. À direita, indicado pela seta amarela, estão as marcas remanescentes do antigo campo de aviação.
   
Compare as imagens: o caminho que aparece na foto antiga é hoje a Avenida Alcoa, homenagem à empresa que pode ser vista à esquerda da foto atual. Note ainda as marcas do crescimento da cidade, com a ocupação mal planejada de bairros perigosamente próximos ao aeroporto.
   
Fica a questão: como é que as autoridades vão controlar o crescimento diante da implantação de um Paço Municipal ou Centro de Convenções na região, justamente onde um dia existiu o antigo campo de aviação?
  
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quinta-feira, 16 de junho de 2011

JÉCA-TATÚ

Que tal compartilhar informações com os demais leitores do Memória de Poços de Caldas? O que era o "Jéca-Tatú": um bar? Um restaurante? Uma loja? De que época era? Quando fechou? Que razões levaram à escolha do nome, uma referência ao personagem criado por Monteiro Lobato? Quem era o proprietário?
   
A imagem é provavelmente do final dos anos 1940 e início da década de 1950, a julgar pelos automóveis.
   
Aproveite para socializar o material histórico que você tem mofando em alguma gaveta -não é necessário doar os originais!
   
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quarta-feira, 15 de junho de 2011

A VERDADEIRA HISTÓRIA DA LPC - DANONE

por Moacyr de Carvalho Dias
  
A LPC -Laticínios Poços de Caldas foi fundada em 1915/1916 com o nome de Leiteria de Caldas pelos fazendeiros locais Lindolpho Pio da Silva Dias, Jorge Pio da Silva Dias e Coronel Agostinho Affonso Junqueira, que queriam aumentar as suas produções de leite e não tinham como comercializá-la.
  
Naquela época, a única forma de poder vender leite em quantidades maiores do que a consumida pela pequena população local, era através da produção de queijos que suportavam o transporte a longas distâncias, através das ferrovias e precárias estradas então existentes.
  
Para orientar a iniciante fábrica, foi contratado o suíço, Monsieur Vollet, técnico em laticínios com grande conhecimento, que conseguiu implantar uma moderna usina e produzir queijos de alta qualidade que eram enviados para os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro.
  
Em 1923 o Governo de Minas, na ânsia de aumentar a sua arrecadação, taxou os queijos aqui produzidos com a mesma alíquota que o Governo Federal cobrava na importação dos queijos estrangeiros. Essa atitude tornou os preços de venda tão elevados que levou ao fechamento da usina.
  
Daí até 1938 os fazendeiros vendiam a sua produção apenas no comércio local através de leite in natura, queijos e manteiga produzidos nas próprias fazendas. Com a produção crescente de leite, decidiram fundar uma Cooperativa para a sua industrialização, pois, dessa forma, a produção seria isenta de impostos. Em 1942 um pequeno grupo de fazendeiros comprou o acervo da Cooperativa e a transformou na Sociedade Laticínios Caldas Limitada, cujos diretores foram os Srs. Lindolpho Pio da Silva Dias e Dr. Haroldo Affonso Junqueira. Em 1943 foi contratado o técnico em laticínios Sr. José Cattaneo e, em seguida, em janeiro de 1944, fui convidado e assumi a gerência da pequena empresa, então com 6 funcionários.
  
O leite era naquela época transportado das fazendas para a plataforma da Rua Corrêa Netto em burros cargueiros e carroças. Em 1947 foi adquirido o primeiro caminhão, um sinal do progresso que a empresa atravessava, seguindo uma trajetória de crescimento e evolução tecnológica. Na década de 50, a empresa lançou pioneiramente na região o leite pasteurizado e engarrafado, o requeijão Poços de Caldas e, em seguida o leite embalado em sacos plásticos inédito no Brasil. Com essa embalagem mais moderna e sem retorno, a empresa pode atingir mercados mais distantes como Campinas, São Paulo e Santos.
   
Em 1969 o então Deputado Federal por Minas Gerais, nomeado Embaixador do Brasil na França, Dr. Bilac Pinto, meu grande amigo, se prontificou a pesquisar naquele país novidades no setor lácteo para o desenvolvimento da empresa. Dois meses após a sua posse em Paris, fez contato com a diretoria da Cia. Gervais Danone e apresentou as partes que iniciaram uma parceria para a produção de iogurtes com sabores, desconhecidos no Brasil que somente consumia a tradicional coalhada.
  
Para fazer face à associação com a empresa francesa, a sociedade passou por uma mudança estatutária passando a ser denominada Laticínios Poços de Caldas S.A. e, posteriormente, LPC Indústrias Alimentícias S.A. Para coordenar a implantação e desenvolvimento dos novos produtos Danone na empresa, indiquei o meu primo, EngenheiroAgrônomo Roberto M. Carvalho Dias que com eficiência e dinamismo liderou a empresa sa até a transferência do capital para a Danone.
 
Hoje, com a denominação de Danone S.A., a nossa antiga "Leiteria Poços de Caldas" vem liderando os
mercados de iogurtes e sobremesas lácteas e levando à população brasileira produtos de qualidade como sempre fez, desde o século passado.
  
Tendo trabalhado por 52 anos nesta empresa, é gratificante ver que a semente plantada por meu pai, meu tio, seu compadre e por tantos outros companheiros fazendeiros de nossa região, germinou e deu grandes e proveitosos frutos para a nossa cidade através do enorme número de empregos, dos impostos recolhidos e da evolução pessoal dos colaboradores da empresa.
  
Publicado no Jornal de Poços em 31/10/2009.
  
Saiba mais sobre a história do requeijão Poços de Caldas clicando aqui.
  

segunda-feira, 13 de junho de 2011

ESQUADRILHA DA FUMAÇA


 
NEM TODOS SÃO IGUAIS.
 
"Nem todos são iguais" - em toda equipe, seja de jogadores de futebol, músicos de uma filarmônica ou de cantores de um coral, haverá sempre alguém que se destacará por algum ponto forte ou fraco de sua personalidade e/ou comportamento. E na equipe de pilotos da nossa Esquadrilha da Fumaça -fase T-6- não poderia ficar de fora desse postulado.
  
Por uma questão de ética e mesmo porque eu fazia parte dessa equipe, gostaria de apontar somente os pontos fortes de alguns companheiros. Evidentemente não desejo citar nem defeitos nem virtudes, mesmo porque a constante que reinava em nossa equipe, quanto a isso, sempre foi a de que ninguém é melhor do que ninguém (exceto o Braga).
  
Mas, realmente o que desejo é tentar passar aos senhores leitores uma idéia de um desses pontos fortes de um companheiro nosso que sempre procurava se apresentar na Esquadrilha da melhor maneira possível: bom piloto, inteligente, bota sempre brilhando, macacão sempre limpo e vincado e capacete lustrado.
  
Era o famoso certinho com olhar e andar de "Dandy". Não atrasava para o expediente, não faltava aos treinos diários e estava sempre bem penteado (os poucos cabelos que tinha). E se por um acaso, recebia um elogio, se enchia, se envaidecia e se preparava para agradecer ao estilo de um diplomata com "pompa e circunstância", pigarreando antes, "comme il fault".
  
Gostaria de afirmar que não víamos naquele companheiro nada de errado, mas sim, e nos chamava a atenção, aqueles pontos fortes do seu comportamento, e que respeitávamos. Realmente ser elogiado era o que mais lhe agradava (mas quem não gosta?).
  
Particularmente quando do término de uma demonstração apresentam-se o prefeito da cidade, o presidente do aeroclube local, enfim qualquer pessoal para aqueles elogios normais.
  
Até que um dia, em Poços de Caldas (MG), onde a altitude e um ar rarefeito exigem o limite máximo da habilidade do piloto e operacionalidade do T-6 na realização das manobras, aconteceu...
  
Era aniversário da cidade. Repleta de turistas e seus citadinos regozijavam-se com as evoluções da Fumaça em ousadas passagens baixas e acrobacias que aceleram a adrenalina no sangue daqueles assistentes. Ocorre que, nesta demonstração o Braga nosso comandante estava incapacitado de ir a Poços e escalava o líder reserva major Décio (hoje coronel da reserva) que procurou honrar a imagem da Esquadrilha e brilhar junto aos seus alas como era de se esperar do nosso "Dandy".
   
Demonstração encerrada. Ida para o hotel. Banho tomado. Melhor uniforme vincado e sapato brilhando, se prepara para encontrar-se com o prefeito para o jantar de comemoração. Porém, antes de chegar ao hobby do hotel, ao descer as escadas, eis que no meio de sua descida é interpelado por uma senhora, possivelmente da alta sociedade de Poços, bem vestida, cabelos grisalhos com uma aparência boa e com um pescoço serpenteado de jóias.
  
O major Décio, vendo que ela mantinha um olhar fixo nele, pergunta: "Em que posso servi-la?" (com pose e educação esmerada que conhecemos). E aquela senhora, do alto dos seus 65 anos aproximadamente, respondeu: "O senhor é o líder da esquadrilha?" - "Sim", respondeu-lhe esperando o elogio normal de outras demonstrações. Mas, qual não foi a sua surpresa!! A doce senhora apontou-lhe o dedo em riste e disse-lhe: "O senhor é maluco, irresponsável, doido, assassino, que vai matar muita gente. Cai fora daqui imediatamente, seu monstro". Virando-lhe as costas, desceu as escadas e desapareceu.
  
O Décio atônito, sem fala e sem forças até para andar, sentou-se em um dos degraus e segurando a cabeça baixa, pensou alto: "Nem todos são iguais".
  
por Ten.-Cel-Av.RR. Wylton Silva, ex-integrante da Esquadrilha da Fumaça.
  
Saiba mais sobre a Esquadrilha da Fumaça clicando aqui.
  
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sábado, 11 de junho de 2011

COUNTRY CLUB, 1938

Cartão postal circulado em 5 de fevereiro de 1938, do acervo do Memória de Poços de Caldas, mostra uma bucólica cena do lago do Country Club. A remetente Lisette escreveu, singela: "À Dinah, uma lembrança de Poços de Caldas".
  
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sexta-feira, 10 de junho de 2011

RUA ASSIS FIGUEIREDO

A foto acima, da década de 1940, é da hoje mais importante esquina de Poços de Caldas, no cruzamento das ruas Assis Figueiredo e Prefeito Chagas. Observe à direita a Casa Moreira Salles, mais tarde Unibanco e hoje uma agéncia do Itaú. Ao fundo, à esquerda, o telhado em cúpula do antigo Mercado Municipal. Foto do acervo do Sr. Décio Alves de Morais.
 
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terça-feira, 7 de junho de 2011

PALACE HOTEL E CASINO

As imagens acima são de dois cartões postais circulados, de 1955, integrantes do acervo do Memória de Poços de Caldas. O destino foi a capital do Uruguai, Montevidéu.
  
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sábado, 4 de junho de 2011

PSD DE ONTEM

O Partido Social Democrático -PSD- foi um partido político brasileiro, fundado em 1945 e extinto pelo regime militar em 1965Durante sua existência, foi o partido majoritário na Câmara dos Deputados, tendo eleito dois presidentes da República: Eurico Gaspar Dutra, em 1945, e Juscelino Kubitschek de Oliveira, em 1955. O partido voltou na década de 1980, mas não obteve o mesmo sucesso das décadas de 40 e 50, associando-se à bancada ruralista. Sua última eleição foi em 2002. Em 2003, o PSD foi incorporado ao Partido Trabalhista Brasileiro.
  
Em 2011, foi fundado o homônimo Partido Social Democrático, criado a partir de políticos dissidentes do partido Democratas, Partido Progressista, Partido da Social Democracia Brasileira, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, entre outros.
  
A foto acima, da década de 1950, de autoria do Sr. Décio Alves de Morais, mostra um comitê do partido na Rua Prefeito Chagas.
  
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quarta-feira, 1 de junho de 2011

ÁGUA MINERAL

Foto do acervo do IBGE, de autoria de Tibor Jablonsky, do final da década de 1950, mostra a Fonte Santo Antônio, localizada no Loteamento Cascatinha.
  
A autorização de lavra, viabilizada por Decreto assinado pelo presidente Juscelino Kubitschek em 19 de agosto de 1957, tinha como concessionário o "cidadão brasileiro Alvino Hosken de Oliveira".
   
Hosken foi presidente da ACIA -Associação Comercial de Poços de Caldas- em 1947 e presidente da Câmara Municipal entre 1955 e 1959. Uma escola municipal, no bairro Santa Rita, leva seu nome. 
   
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