segunda-feira, 24 de maio de 2010

MARCO DIVISÓRIO


Muito mais do que o nome de um bairro na divisa de Minas Gerais e São Paulo, em Poços de Caldas, o “Marco Divisório” é um ícone histórico.

Definir a linha que divide os dois Estados foi um problema que teve início logo após a extinção do sistema de Capitanias. A região onde está Poços de Caldas pertencia a duas das capitanias, até que Portugal resolveu estabelecer os limites de divisa, “interpretados” ao gosto dos mineiros e dos paulistas, por causa do ouro e das águas sulfurosas.

O assunto atravessou o Império e chegou à República, até que em 25 de maio de 1935 foi constituída uma Comissão Mista para estudar a questão dos limites.

A comissão paulista era integrada por Francisco Antônio de Almeida Morato, professor da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e os engenheiros João Pedro Cardoso e Aristides Bueno. A comissão de Minas Gerais contava com Milton Campos, Benedito Quintino dos Santos e Temístocles Barcelos.

Definidos os limites, depois de muito trabalho, foram cravados marcos na linha da fronteira, todos de granito aparelhado e de forma prismática, tendo esculpidas numa das faces “São Paulo”, na outra, “Minas Geraes” e na terceira o ano “1936”.

Para marcar o encerramento dos trabalhos da Comissão, foi lavrada uma ata na linha divisória entre Cascata e Poços de Caldas, com a presença de autoridades e da Banda Municipal Maestro Azevedo, onde foi levantado um obelisco para comemorar o acordo, o chamado Obelisco da Cascata, observado nas fotos acima.

O Obelisco da Cascata situa-se na Fazenda Pinheirinho (que foi propriedade dos irmãos Emerenciano, Gabriel José e Joaquim Junqueira), foi inaugurado em 31 de julho de 1937, data do termo final da cravação dos marcos, junto aos trilhos da Estrada de Ferro Mogiana, e teria dado o nome de “Marco Divisório” à região.

O Obelisco da Cascata está cercado em área de pasto, em bom estado, mas sem manutenção oficial. A base tem quatro faces, onde foram esculpidas gravações em ortografia da época: “SÃO PAULO” numa face e “MINAS GERAES” na face oposta, indicando os lados da divisa; “EM COMMEMORAÇÃO DO ACCORDO DE SÃO PAULO E MINAS GERAES DE 28 DE SETEMBRO DE 1936 FIXANDO AS DIVISAS DOS DOUS ESTADOS” num lado e, por fim, “MANDADO ERIGIR PELOS ARBITROS FRANCISCO MORATO E MILTON CAMPOS E SEUS AUXILIARES SOB O GOVERNO DE ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA E BENEDICTO VALLADARES”, no outro lado. Apesar de preservada, esta última inscrição já está se perdendo, por desgaste natural.

O Obelisco da Cascata, por sua importância histórica, poderia ser transformado em ponto de visitação, com os devidos cuidados, pois está em um local de fácil acesso e cercado de belas paisagens.
 
O autor da foto antiga é desconhecido.

Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.

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