segunda-feira, 19 de novembro de 2012

ESTAÇÃO MOGYANA: HERANÇA MALDITA

A Estação Mogyana de Poços de Caldas, cujo tombamento como patrimônio histórico completa 20 anos em 2013, vai ser mais uma das "heranças malditas" da nova gestão da prefeitura.
 
Nem mesmo a chegada, há seis meses, de Durce Helena Gouvêa, uma secretária com tantos predicados para ocupar a Pasta de Turismo e Cultura, cuja sede é a Estação, parece ter sido suficiente para frear o descaso que as imagens abaixo, feitas em 19/11/2012, demonstram.
   
Muito mais uma questão de cuidado e higiene do que falta de verbas, sequer as recomendações do Ministério Público Federal contidas no robusto LAUDO TÉCNICO Nº 004/2012-4ªCCR lavrado em fevereiro de 2012, às vésperas da realização da eleição de Rei Momo na Estação ("os ambientes da estação ferroviária não foram concebidos para acolher e suportar eventos dessa natureza. A movimentação de grandes grupos de pessoas, nos moldes noticiados, pode causar danos às estruturas, paredes, gradis, janelas e outros equipamentos que fazem parte do patrimônio histórico"), bastam para impedir os danos, o mau uso ou a exposição do patrimônio a riscos desnecessários, tudo isso sob o beneplácito do Condephact, conselho que em tese deveria defender o patrimônio histórico.
 
Fato é que mais uma vez a Estação foi oferecida para a realização de um evento musical, também à revelia do que prega o Laudo citado acima ("O volume alto do som pode produzir fissuras nas paredes e a quebra de vidros das janelas da edificação"), por ação direta da prefeitura municipal de Poços de Caldas, que também fere o disposto na Lei Complementar 70/2006, em seu Art. 15: "Para  evitar prejuízo  à  visibilidade  ou  ao  destaque  de qualquer edificação ou sítio histórico tombado, nenhuma obra de construção ou demolição poderá ser executada no perímetro de tombamento definido para cada bem tombado, sem que o projeto seja previamente aprovado pelo CONDEPHACT". É óbvio que o legislador refere-se a qualquer interferência à visibilidade do bem tombado, o que inclui as intervenções temporárias também mostradas nas fotos a seguir.
 
Importante ressaltar, por fim, que a frente da Estação, chamada Praça Paul Harris, não é apenas uma "rua", mas integra o perímetro de tombamento do patrimônio histórico e, como tal, está sujeita às mesmas regras que visam preservar o prédio, a Plataforma, os trilhos e tudo mais que a Lei 5.376/93 e suas regulamentações protegeram.
 
Ficou claro ou vão dizer que sou contra a arte e a cultura? Acompanhe as intervenções para realização do evento e a forma como a prefeitura mantém o interior da Estação nas imagens a seguir.

Tenda montada diante da Estação
Detalhe da estaca de ancoragem da tenda "cravada" na calçada
"Agenda" colada na parede da Estação
Lixo no Pátio da Estação
 Carro particular estacionado no Pátio
Mais lixo
Interior de uma das barracas de madeira
Escada em local claramente inadequado
Caixa de som e roupas no banheiro
Madeiras depositadas na Plataforma
Fachada da Estação
Como? Com uma secretaria de turismo nessas condições?

Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
"Povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la".

2 comentários:

Mario Seguso disse...

É uma tristeza constatar o comportamento de quem deveria ter entendido que não pode ser tão convencido ao ponto de desprezar e não querer tomar conhecimento da responsabilidade que comporta a sua posição a de defender os bens historicos da cidade. Desplicencia? Desaforo?ou simplesmente fenomeno de uma educação precaria? Mario Seguso

Rubens Caruso Jr. disse...

Sr. Mario Seguso, uma das mentes mais brilhantes que já pisou em terras sulfurosas, grande amigo e parceiro de sempre desde os tempos do Viva Poços!, seja bem vindo!
É verdade, Mestre: tem momentos em que custo a acreditar que pessoas que deveriam ter compromisso com a história da cidade -e suas próprias histórias- seguem por caminhos que não consigo entender.
E ai de quem, como eu, ousa falar: imediatamente vira "o chato", "o deselegante".
Mas não desisto. Faço minha parte de cidadão, tal como o Sr.!

Grande abraço e obrigado pela deferência!

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Memória de Poços de Caldas é um trabalho cultural, sem fins lucrativos, e democrático. Aqueles que quiserem se comunicar diretamente com o autor podem fazê-lo pelo email rubens.caruso@uol.com.br .