segunda-feira, 24 de maio de 2010

GRIPPE HESPANHOLA

Em 1918 o mundo era assolado por uma doença terrível, denominada “gripe espanhola”. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, “a gripe espanhola – como ficou conhecida devido ao grande número de mortos na Espanha – apareceu em duas ondas diferentes durante 1918. Na primeira, em fevereiro, embora bastante contagiosa, era uma doença branda, não causando mais que três dias de febre e mal-estar. Já na segunda, em agosto, tornou-se mortal. Enquanto a primeira onda de gripe atingiu especialmente os Estados Unidos e a Europa, a segunda devastou o mundo inteiro: também caíram doentes as populações da Índia, Sudeste Asiático, Japão, China e Américas Central e do Sul”.

A epidemia chegou ao Brasil no final de setembro de 1918, junto com os marinheiros que desembarcaram doentes no porto de Recife, vindos de Dakar, na África. Logo, surgiram casos de gripe em outras cidades do Nordeste, São Paulo e Rio de Janeiro, então a capital do país.

Ainda segundo a Fundação Oswaldo Cruz, “as autoridades brasileiras ouviram com descaso as notícias vindas de Portugal sobre os sofrimentos provocados pela pandemia de gripe na Europa. Acreditava-se que o oceano impediria a chegada do mal ao país. Mas, com tropas em trânsito por conta da guerra, essa aposta se revelou rapidamente um engano. Tinha-se medo de sair à rua. Em São Paulo, especialmente, quem tinha condições deixou a cidade, refugiando-se no interior, onde a gripe não tinha aparecido. Diante do desconhecimento de medidas terapêuticas para evitar o contágio ou curar os doentes, as autoridades aconselhavam apenas que se evitasse as aglomerações”.

A estimativa é de que entre outubro e dezembro de 1918, 65% da população adoeceu. No Rio de Janeiro foram registradas mais de 14 mil mortes, enquanto em São Paulo pelo menos outras 2 mil pessoas morreram. Não há dados concretos, mas estima-se um número de mortos por gripe espanhola em todo o mundo entre 20 e 40 milhões.

Poços de Caldas não escapou da epidemia, conforme nos deixou escrito o Doutor Mario Mourão: “Logo depois surgiram os dias torvos de Outubro e Novembro de 1918. A grippe hespanhola espalhou o terror e a morte na cidade, tendo sido Poços de Caldas uma das cidades mais castigadas, sendo de notar que todos os medicos enfermaram e, que houve um dia de 40 óbitos, sendo os cadaveres transportados para o cemiterio por um pobre idiota, chamado Lafayette, que deixava os corpos insepultos pelas ruas da cidade. Foi uma epocha de calamidade e de horror”.

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