quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O TREM DE ITU - PATRIMÔNIO DE MINAS PARA SÃO PAULO

Peço aos Amigos do Memória de Poços de Caldas a leitura atenta das duas reportagens reproduzidas abaixo, enviadas pelo leitor Clodoaldo:
    
"Trem Republicano entre Salto e Itu contará com materiais mineiros
  
Governo Federal disponibilizou objetos inventariados.
Governo Federal já disponibilizou alguns materiais inventariados para o projeto do Trem Republicano entre Salto e Itu. Nos dias 3, 4, 5 e 6 de outubro, o Assessor de Gabinete de Salto, Wanderley Rigolin, e o secretário de Planejamento de Itu, Genésio Severino da Silva percorreram seis cidades do sul de Minas Gerais para reconhecimento dos materiais.
   
Além de passarem pelos municípios de Varginha, Três Corações, Pouso Alegre, Conceição do Rio Verde, Caxambu e São Lourenço, eles também participaram de uma reunião na Advocacia Geral da União (AGU), onde oficialmente celebraram um acordo de retirada dos trilhos destas cidades.
   
Devido a uma solicitação feita pelos prefeitos de Salto e Itu ao Departamento Nacional de Infraestruturas e Transportes (DNIT), em visita à Brasília, foi encaminhado o técnico Ignácio Loyola Chaves Horta, de Minas Gerais, para acompanhar os técnicos do Consórcio Intermunicipal para Implementação do Projeto.
  
Após a assinatura junto a Procuradoria da União será feita a retirada e transporte do material até o canteiro de obras em Salto e Itu. Já se estuda a logística com empresas especializadas.
   
“É uma pena que materiais chamados leves, tais como talas de junção, placas de apoio e parafusos, não mais existem nos locais, mas os trilhos estão em bom estado e são em quantidade suficientes para complementar nossa ferrovia”, declarou Wanderley Rigolin.
    
A notícia acima foi publicada em 21 de outubro de 2011, em um site da cidade de Itu.
    
É triste ver que o sul de Minas Gerais tornou-se doador de acervo ferroviário. Resume perfeitamente o descaso que vem acontecendo em Poços de Caldas e o destino que um patrimônio como o nosso pode ter. Ainda que mantendo viva a cultura simbolizada pela ferrovia, certo é que nada é melhor que o patrimônio em seu local original. O mesmo site tem uma outra referência importante ao assunto, publicada em 10 de fevereiro de 2010. Confira:
   
"Ministro do Turismo visita Itu e autoriza Trem Republicano
   
Trem Republicano entre Salto e Itu contará com materiais mineiros
Um importante passo para a concretização do sonho de um trem turístico ligando as cidades de Itu e Salto foi dado. No dia 10 de fevereiro, o Ministro do Turismo, Luiz Barreto, assinou o edital de licitação do projeto.
  
Apelidado de “Trem Republicano”, o projeto visa implantar um trem a vapor (Maria Fumaça) que percorrerá o trajeto de sete quilômetros entre as duas cidades, utilizando o antigo leito férreo da Companhia Ituana de Estrada de Ferro que foi inaugurado em 17 de abril de 1873, um dia antes da Convenção Republicana de Itu.
   
Durante a solenidade, realizada em Itu diante da antiga estação férrea do município, o ministro confirmou a liberação de mais R$ 1 milhão para as obras até o final deste ano. Até então, o Governo Federal já havia destinado R$ 4 milhões para o Trem Republicano, verba esta que será administrada pelo consórcio intermunicipal entre Itu e Salto. O projeto demandará investimentos totais de mais de R$ 10 milhões e também contará com recursos dos próprios municípios para ser viabilizado. A deputada federal Aline Correa, que também participou do evento, prometeu apresentar uma emenda para auxiliar na implantação do projeto, mas não mencionou valores.
   
O Trem Republicano pretende trazer um forte incremento ao potencial turístico dos dois municípios e de toda a região. “Eu estou muito feliz, porque eu acho que o turismo está ocupando cada vez mais espaço no desenvolvimento econômico nacional; e a gente precisa de projetos como esse, que integrem as cidades, sem concorrência, mas pensando em como torná-las roteiros complementares, usufruindo de todos os recursos que elas possuem”, afirma Barreto.
   
Há uma coincidência importante: 7 quilômetros separam as cidades de Itu e Salto -a mesma distância entre nossa Estação Mogyana, no centro de Poços de Caldas, e a Estação Bauxita. São os 7 km de trilhos que foram removidos sabe-se lá quando e por quem, e que impedem nossa cidade de ter um trem turístico ou de passageiros, ligando Poços de Caldas a São Paulo ou o centro à zona sul.
    
O projeto, orçado em cerca de R$ 10 milhões, conta com apoios importantes, como uma deputada federal se propondo a colocar uma emenda no orçamento da União, incluindo R$ 4 milhões já destinados pela União. Em Poços de Caldas temos pelo menos dois representantes regionais no Congresso, que podem propor emendas ao orçamento federal, e cabe à prefeitura buscar recursos federais -para tanto é preciso o interesse e o compromisso formal do chefe do Executivo, abraçando de verdade a causa e manifestando interesse na retomada da ferrovia, trabalhando para tanto. Talvez  com meio expediente na prefeitura fique mais difícil...
 
Memória de Poços de Caldas faz sua parte -alertar, informar e até mesmo mostrar o caminho, mas há limites, e desse ponto em diante a alçada é do Poder Executivo.
   

4 comentários:

EFGoyaz disse...

A barbárie já é tamanha que beira o canibalismo. O empréstimo, a cessão, o comodato de bens móveis eu acho até aceitável, afinal o uso é o que conserva os referidos bens. Porém, no caso de trilhos e instalações, é notadamente um tremendo erro. Primeiro por ser na prática irreversível. Segundo, que é totalmente contraproducente. É como se fosse cortar braços de uma estátua grega pra colocar em outra. Isso é vandalizar e desvalorizar a ambas.

Denis W. Esteves disse...

Caruso,
Existe uma grande diferença entre o projeto de Itu e a situação de Poços de Caldas. Lá não sobrou nada da ferrovia. Foi tudo erradicado ha décadas, inclusive o patrimônio edificado. Sobrou apenas a estação, que mesmo assim não é mais a original. Em Poços de Caldas quase tudo existe e é de uma riqueza imensa. Só faltam esses 7 km de linha. Esses míseros 7 km! A estação, o pátio, o girador, a caixa d'água, a vila ferroviária, as pontes, o viaduto, o túnel da serra, a própria linha na serra até a Prata, tudo existe. Em termos turísticos, o trajeto entre Poços de Caldas e Águas da Prata é muito mais viável e atrativo do que o Itu a Salto. Isso não desmerece o projeto de Itu, que aliás é muito bom e tem um grande cunho histórico, mas só mostra o quanto Poços de Caldas tem potencial. E bota potencial nisso. Pena que os administradores da cidade não estejam à altura dela.

TS Bovaris disse...

Parabéns pela matéria. Itu, berço da República, minha terra, não soube preservar esta parte importante de nossa memória cultural. O butim volta em nova roupagem. Foram os índios do sertão, as pedras de Cuiabá, e agora a cultura mineira. Mas não se engane meu caro, esta é apenas a ponta do iceberg, os antiquários ituanos vivem em parte das riquezas mineiras.

Anônimo disse...

Rio Claro (SP) e Bauru (SP) também "contribuíram" com trilhos para esse projeto de Itu e Salto.

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