quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

OS JARDINS DE DIERBERGER

"Desembarcava em 25 de dezembro de 1890, no Rio de Janeiro, o jovem Jardineiro João Dierberger. Tinha vinte anos e não trazia consigo outra bagagem senão a arte profissional, vontade de trabalhar e vencer nesta parte do novo mundo. Tinha 24 anos ao fundar sua firma.

A segunda geração é representada por João Dierberger Junior e Reynaldo Dierberger, com formação acadêmica concluída em 1919. Ambos se destacaram nas atividades às quais se dedicaram, tendo como base estratégica os cultivares da fazenda Citra.

João, por um lado, se associa a João Carlos Batista Levy, para enviar, de forma pioneira no país, laranjas para o mercado europeu. Reynaldo viria a se tornar figura exponencial na área de Paisagismo. Seu nome ainda está por merecer um estudo que o situe com justiça na história dos jardins no Brasil.

São jardins de residências, como a do Conde Crespi, Henrique Villares, parques como Araxá, Poços de Caldas, Jardim do Ipiranga, Palácio da Guanabara, Praça de Tiradentes em Belo Horizonte, entre muitas outras". Adaptado do texto disponível aqui.

E quais são, afinal, as marcas de Reynaldo Dierberger em Poços de Caldas? Importante lembrar que de 1927 a 1929 a cidade seria administrada pelo Prefeito Carlos Pinheiro Chagas, que executaria as obras planejadas pelo Presidente Antônio Carlos, contratando especialistas de renome nacional: para as obras de água e esgotos os engenheiros Saturnino de Brito e Saturnino de Brito Filho; na edificação da Thermas, do Palace Hotel e do Palace Casino o arquiteto Eduardo Pederneiras; parques e jardins o paisagista Dierberger.

A mais visível intervenção de Dierberger, embora de conhecimento restrito a especialistas, são os jardins do Parque José Affonso Junqueira, notadamente a porção da Praça Pedro Sanches, que mantém muito das características originais do projeto. Compare nas duas imagens abaixo.

Outro projeto importante, e pelo qual boa parte dos poçoscaldenses passa diariamente e quase não se dá conta é a atual Praça Getúlio Vargas, que abrigava originalmente o fabuloso Monumento Minas ao Brasil, que hoje serve até de "poleiro" a crianças e adultos mal educados, na Praça Pedro Sanches. Abaixo estão as imagens do projeto original, a praça em seus melhores dias e a situação atual, com o Relógio Floral.

Dierberger deixou sua marca também no paisagismo do parque da Fonte dos Amores. Em 1929, por interferência do prefeito Carlos Pinheiro Chagas e de Antonio Carlos, Presidente de Minas Gerais, o local tornou-se ponto de visitação. A parte paisagística foi executada por Dieberger, enquanto Giulio Starace foi encarregado de es­culpir a estátua de dois jovens abra­çados, simbolizando o amor.

Na imagem a seguir, uma vista da cidade tomada da Fonte dos Amores, na década de 1940. É possível observar alguns detalhes do paisagismo local.

Há ainda um relato interessante: em 1928, Dierberger tinha uma propriedade em Poços de Caldas, que serviu de sede a uma empresa especializada na cultura de cravos e rosas, para a produção de flor cortada -durante muito tempo Poços de Caldas foi conhecida pelos epítetos "Cidade das rosas" ou "Cidade Rosa".

Os descendentes de Dierberger continuam atuando no setor agrícola, notadamente na produção frutífera e, felizmente, na arquitetura paisagística.

Saiba mais sobre a saga da família Dierberger clicando aqui e conheça uma seleção dos trabalhos históricos, incluindo os de Poços de Caldas, clicando aqui.

Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
"Povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la".

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