sexta-feira, 30 de setembro de 2011

HONÓRIO LUIZ DIAS

"Cartão postal, de 1913, de propaganda da mina de zircônio do Coronel Honório Luiz Dias, no Morro do Serrote, ao sul da Estação Ferroviária da Cascata, atual município de Águas da Prata. O coronel, no meio, veste terno branco. Ele foi líder do movimento de fazendeiros em São José do Rio Pardo-SP, na proclamação da República do Rio pardo, contra o Governo do Império, colocando o delegado de polícia e soldados na cadeia. A esperada represália não ocorreu, pois logo foi proclamada a República no País, em 1889. Construiu uma casa em Poços de Caldas, na Praça Getúlio vargas no. 4, sendo comprada por Ednan Dias da viúva do coronel". Fonte: Memorial da Companhia Geral de Minas, de Don Williams e Alex Prado.
Honório Luiz Dias nasceu em Cabo Verde, MG, em 15 de agosto de 1854, filho de Vicente Alves Dias e Lucinda Candida de Jesus. Casou-se com Mariana Rosa de Oliveira e teve seis filhos. Faleceu no dia 14 de outubro de 1922 em São José do Rio Pardo, SP.
  
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
  

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

AEROPORTO, 1954

O amigo Rubens Custódio traz algumas informações interessantes sobre as operações da Panair em Poços de Caldas: "A tripulação era composta por Comandante, Co-Piloto, Comissária (Aeromoça) e, durante alguns anos, havia o rádio-telegrafista de bordo. O Douglas DC-3 era equipado com 2 motores Pratt&Whitney R-1830-92 Twin Wasp, de 14 cilindros radiais dupla estrela, arrefecidos a ar, o que proporcionava uma força (por motor) de 1.200hp kN. Podia transportar de 21 a 30 passageiros. Na Panair a configuração era para até 28 passageiros.
  
Poços de Caldas era ligada pelos aviões da Panair do Brasil às principais capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e consequentemente ao Brasil e ao Mundo, pela linha dos aeroportos Santos Dumont/Pampulha com DC-3, e Congonhas/Poços de Caldas (três vezes por semana e pouso facultativo em outras 4) para Pampulha e voos duas vezes ao dia (exceto aos domingos, um só) ligando o Santos Dumont a Pampulha com DC-3".

Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O REI E A NINFA

Delegação da seleção brasileira de futebol, em preparativos para a Copa do Mundo de 1958, no Palace Hotel. Ao lado da escultura da ninfa, o futuro Rei Pelé, então com apenas 17 anos. Naquele ano o Brasil conquistou seu primeiro título mundial, na Suécia. A foto é de João B. Fonseca, do acervo de Décio Alves de Morais.
  
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
  

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A NINFA DO PALACE HOTEL

Durante muito tempo, a estátua de mármore que há no jardim de inverno do Palace Hotel esteve cercada de mistérios quanto à sua origem.

Obra do escultor italiano Bottinelli, denominada "Le Prime Rose" (As primeiras rosas), representa, conforme descreveu D. Nilza Megale no livro Memórias Históricas de Poços de Caldas, "uma jovem ninfa, vestida à moda grega, com o busto nu e os cabelos presos à nuca por duas tranças. Segura com a mão direita uma ramalhete de rosas, como para protegê-lo de um cabrito, que salta sobre suas coxas para pegá-lo. O cabrito tem guizos no pescoço".
   
Inicialmente, uma versão sobre a chegada da obra a Poços de Caldas dizia que ela estaria num navio italiano retido no porto de Santos durante a Segunda Guerra Mundial. Mas a própria D. Nilza desvendou o mistério: foi o engenheiro Otávio Lotufo (que entre outras construiu o prédio do Aeroporto) que encontrou a obra numa antiga residência paulistana. Israel Pinheiro, que encarregara Lotufo de encontrar uma escultura para o Palace Hotel, considerou o valor pedido alto, e Lotufo decidiu que, dado o valor artístico da obra, compraria para si mesmo, o que acabou motivando Pinheiro a adquirir a estátua que até hoje ocupa lugar de destaque no mais importante hotel da cidade.
  
De fato, parte da história da origem da obra procedia. Lotufo confirmou à D. Nilza que "a escultura estava sendo levada da a Itália para a Argentina, em um navio que foi aprisionado no porto de Santos. Os funcionários do transatlântico resolveram vendê-la para comprar alimentos, pois o estoque estava terminando". Do navio foi para a residência paulistana, e de lá para Poços de Caldas.
  
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
  

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

POLYTHEAMA, 1911

O Cine Teatro Polythema abriu as portas em 1911, construído entre os prédios da Prefeitura e o Mercado Municipal. Era prefeito à época Francisco Escobar, que entendia a importância de trazer para a cidade não apenas os turistas em busca dos banhos termais, mas que podiam e queriam apostar grandes somas e exigiam requinte. Relata Mario Mourão, no livro "Poços de Caldas - Synthese Historica e Crenologica": "nos tempos das Prefeituras é que se inaugurou o Theatro Polytheama pela companhia Gatini Angelini, com a representação da opereta Geisha". 
  
Os grandes eventos sociais de Poços de Caldas, incluindo algumas recepções e jantares de gala, aconteciam no Polytheama, construído como um teatro de ópera, e que uniu o cassino ao vizinho Grande Hotel. Funcionou até 1946, quando o jogo foi proibido no Brasil. Demolido, o local abriga hoje um estacionamento.
   
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.

sábado, 24 de setembro de 2011

ONTEM E HOJE

O antigo Chalé do Coronel Honório Dias, hoje ocupado por uma escola. Muitos detalhes originais ainda estão presentes, e podem ser observados na Praça Getúlio Vargas, no centro de Poços de Caldas.
  
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
  

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

ÔNIBUS CAMPINAS - POÇOS DE CALDAS

Foto enviada pelo amigo Tony Belviso. Os leitores podem contribuir com informações sobre a época, o modelo do ônibus ou outros detalhes.

Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

MAPA DE "MINAS GERAES", 1928

Minas Gerais tinha, à época, apenas 214 vilas e cidades; hoje são 853 municípios. A população era de 7 milhões de habitantes; no censo de 2010 ultrapassou 19 milhões de pessoas.
  
Observe as ligações de Poços de Caldas: com São Paulo, pela Mogyana; com Botelhos, Caldas e Andradas, por meio de "Estradas trafegadas por automoveis".
   
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
  
Fonte: Arquivo Público Mineiro.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MAPA DE POÇOS DE CALDAS, 1948

Produzido pelo Departamento Geográfico de Minas Gerais, o mapa destaca pontos importantes de Poços de Caldas como o Ribeirão da Ponte Alta, que forma a Represa Saturnino de Brito; Pedra Balão; Fazenda do Barreiro; Fazenda Lambari; Aeroporto; Cascata da Luz e traçado da Mogyana, entre outros.
   
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.

Fonte: Arquivo Público Mineiro.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

POÇOS DE CALDAS, 1902

As imagens acima são reproduções de um "Bilhete Postal Lembrança", de 1902. Poços de Caldas, aos 30 anos, já despontava como "Cidade das Rosas", julgando pelo destaque dado ao vaso com as flores.
      
Observe ainda parte do conjunto da Estação Ferroviária, inaugurada 16 anos antes, que aparece representada pela caixa d´água e girador de locomotivas (ainda hoje nos locais originais), e um vagão solitário.
   
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
   

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

LETREIRO DA THERMAS

"Eu Não Cuidei...
Todos que lêem jornais, devem estar lembrados do trágico desastre de aviação, ocorrido no dia primeiro deste mês em Laranjal, no vizinho estado de São Paulo.
Um avião particular viajava para Lins, naquele estado, perfazendo a comitiva governamental, que oficialmente, visitava essa rica zona paulista.
Densa névoa seca naqueles ares, em tal data. Pouca visibilidade. Esse avião atinge Laranjal. E, ao invés de continuar rumo a Lins — fica sobrevoando sobre aquela cidade. E vai abaixando o vôo. E abaixa mais. Rodeia, por diversas vezes, a estação da estrada de ferro. Parecia, aos que acompanhavam com os olhos curiosos essas manobras, que voava “aflitamente”...
E, a seguir, baixinho já perdendo velocidade, o aparelho voador inclina-se em “facão” e cai pesadamente no solo, espatifando-se.
Ocorre gente ao local. Os tripulantes estavam todos agonizantes.
E eram eles; o oficial de gabinete do interventor Ademar de Barros. O diretor da grande empresa de navegação aérea, Vasp. Um oficial da casa militar do interventor paulista. E um engenheiro, da alta sociedade paulistana, então pilotando o avião sinistrado.
Luto no grande estado e em toda nação brasileira, pelo trágico acidente.
Dor pungente nos corações de quatro famílias patrícias.
Quatro vidas preciosas que desapareceram, de um minuto para outro.
E tudo, tudo -dizem os técnicos de aeronáutica -porque não havia sobre um simples telhado da cidade de Laranjal, um letreiro bem visível: Laranjal...
“E pensar que apenas isso, que apenas aquela palavra seria o bastante para que recobrassem a calma necessária ao absoluto governo do aparelho!”
Sim, porque, segundo o depoimento dos que assistiram ao desastre, os entendidos de aviação afirmam que o avião estava desorientado. Perdido. Não sabia sobre onde voava! E aquele letreiro os salvava. E pouparia a todos, tal perda. 
Nos países adiantados em aviação, as cidades têm os respectivos nomes escritos, em bem visíveis caracteres sobre telhados, praças ou campos. O aviador “perdido”, por aí se orienta.
Em Poços de Caldas já se deu, há uns três anos atrás, um acidente, que felizmente, foi de pouca monta.
Um avião da marinha norte-americana surgiu em nossos céus. Procurou por todos os nossos arredores, o nosso antigo e então único campo de pouso. Nada. Não havia sinal algum. Os aviadores resolveram descer no campo de golfe do nosso Country Club. E o fizeram. Quebrou-se o trem de aterrissagem. O aparelho capotou espetacularmente. Eles, porém, escaparam a coisas mais graves que o susto e alguns arranhões...
Parece-me que não há mais necessidade de me alongar, aqui, para dizer, a vós, meus heróicos leitores, que Poços de Caldas deve estar escrito sobre um dos nossos telhados. E, aliás, estes, os temos grandes, ajeitados e no centro da cidade.
Não só a palavra Poços de Caldas. Mas, possivelmente, uma seta indicando mais ou menos, o rumo do nosso importante e moderno aeroporto.
Um letreiro, por exemplo, sobre o telhado do Pálace Hotel, com uma seta (que pode ser sobre outro ponto qualquer da estância), seria o suficiente para orientar o piloto menos prático destas rotas.
Dentro de breves dias Poços de Caldas, mercê de Deus e dos homens, será um do maiores centros para onde convergirão dezenas e dezenas de aviões de turismo como, hoje, os dos automóveis.
Não tenhamos, pois, que lamentar, mais tarde desastres de conseqüências graves e lutuosas, como é muito possível apenas por não cuidarmos...
São célebres os versos de muito sabor clássico:
“Eu nunca louvarei
O capitão que o diga:
Eu não cuidei...”
O letreiro sobre a cidade, além de ser um ato de prudência, de precaução, — dá até uma nota distinta de civilização e progresso, para os que demandarem a nossa querida Poços, por via aérea.
E, quebrando a relativa gravidade destas linhas sem pretensão, eu terminarei com a sentença do Quinzinho do Brejo-Fundo: O que não pogrede e não miora... pioréia...".
  
A crônica acima, de 30 de outubro de 1938, foi extraída da obra de "LÉO FERRER EM VIDA", de Hugo Pontes, que conta: "Pesquisar  sobre  a  vida  e  resgatar  a  obra  de  Leopoldo Ferreira, mais que um fato literário, para mim é um compromisso com a história e memória da cidade de Poços de Caldas. Léo Ferrer, pseudônimo literário do autor, ofereceu, com sua intelectualidade e inteligência, muito para todos, a fim de que pudéssemos -hoje- compreender melhor a história da cidade ao tempo em que ele viveu. O  escritor  foi  um  homem  com  idéias  além  da  sua  época. Apontou caminhos a seus contemporâneos, ensinou as gerações mais novas e projetou um estilo para vários escritores locais.
O cronista elegante e sutil pôde manter viva a sua memória entre  seus conterrâneos,  e  seus  escritos  perduraram  entre  nós, porque soube cantar sua terra e a paisagem local, seus costumes, personagens e a história. Não deixou livros publicados".
  
A foto-postal acima, do acervo do Memória de Poços de Caldas, parece confirmar a execução da ideia de Ferrer. E não deixa de ser uma sugestão deste site para a reforma pela qual passa o Balneário: que tal reviver o letreiro "Poços de Caldas" no telhado da Thermas?

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"IMPRESSÕES DO BRAZIL NO SECULO VINTE"

"Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 777 a 783, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):
  
Poços de Caldas
Este município deve a sua denominação à lembrança das afamadas águas das Caldas da Rainha, em Portugal. A sua origem se encontra em um arraial, situado na extensa sesmaria dos Costas Junqueiras. O antigo arraial desapareceu para dar lugar à pitoresca vila de Poços de Caldas, hoje transformada em moderna cidade de águas, com ruas bem calçadas e bons edifícios. Um pequeno rio, hoje canalizado, corta a localidade. O renome de Poços de Caldas provém de fontes termo-sulfurosas descobertas em 1876.
   
O município de Poços de Caldas, subordinado a um prefeito da livre escolha do governo de Minas Gerais, tem uma superfície de 17 léguas quadradas e está situado ao Sul do estado de Minas Gerais, sendo servido por um ramal da Estrada de Ferro Mogiana. A população da vila é diminuta para a extensão do seu território, pois representa apenas 6.000 habitantes. A povoação está situada 1.200 metros cima do nível do mar e goza de um clima extremamente saudável.
   
As fontes termo-sulfurosas de Poços de Caldas são em número de quatro: Pero Botelho, 46º centígrados; Chiquinha, 44,6º; Mariquinhas, 44º; e Macacos, 41º. O uso destas águas é recomendado aos doentes de moléstias crônicas, tais como reumatismo, moléstias da pele, úlceras etc.
   
A vila de Poços de Caldas tem progredido muitíssimo nestes últimos nos, graças à ação combinada do prefeito, sr. Francisco Escobar, e da Companhia Termal. Hoje, tem o município 1.000 prédios, mais ou menos, dos quais 700 na zona ocupada pela vila. Esta é iluminada à luz elétrica, compreendendo tal serviço 80 lâmpadas de arco voltaico e 50 lâmpadas incandescentes. A iluminação particular compreende 45 lâmpadas de arco voltaico e 1.630 lâmpadas incandescentes.
   
A usina geradora tem 15,65 x 7,60 m e é provida de um regulador hidráulico Sturgess; a linha de transmissão tem 4.640 metros, e para a produção de energia elétrica são aproveitadas as águas de uma bela cachoeira, próxima à vila.
   
Poços de Caldas possui um excelente serviço de abastecimento de água, que dá uma média de mais de 200 litros por habitante. O comércio conta com regulares recursos, tendo a maior parte das casas comerciais relações diretas com as praças de São Paulo e Rio de Janeiro.
   
A indústria compreende 8 engenhos, um de cana e sete para serrar madeiras; 18 fábricas, a saber: 10 de doces, uma de cerveja, duas de fogos, uma de sabão, uma de manteiga, uma de torrefação de café e duas de macarrão; e mais cinco olarias. A vila tem 9 hotéis de diversas categorias. O número de criadores de gado e fabricantes de queijo ascende em todo o município a 23, e são em número de 8 os fazendeiros de café. A colheita do município vai a 50.000 arrobas.
   
O ensino primário é ministrado em quatro escolas públicas e cinco particulares; e para o ensino secundário há o colégio Santo Domingo. Poços de Caldas possui cinco clubes recreativos, três cinematógrafos e um belo teatro, o Polytheama, com um palco de 10 x 12 m. Em 1910, a receita arrecadada no município foi de Rs. 128:085$561, o que constituiu um aumento de Rs. 46:752$293 sobre a do ano anterior.
   
Coronel Francisco Escobar - O coronel Francisco Escobar, prefeito de Poços de Caldas, nasceu em 1865, em Jaguari, onde foi educado. Aí advogou, de 1886 a 1889. Por esta época, passou a residir no estado de São Paulo, onde exerceu a sua profissão até 1909, ano em que foi escolhido para prefeito de Poços de Caldas. Neste posto, tem revelado a maior dedicação pelo município; e é principalmente à sua ação enérgica que se devem os grandes melhoramentos ali executados nos últimos anos. O coronel Francisco Escobar é proprietário no estado.
José Piffer - O sr. José Piffer, engenheiro arquiteto, nasceu em 1872 em Bozeu, Tirol (Áustria), e estudou arquitetura em Rünchein (Alemanha). Veio em 1890 para o Brasil, onde exerceu a sua profissão, durante 4 anos, em São Paulo. Durante a construção da nova capital do estado de Minas Gerais, em que tomou parte, desenhou e construiu o sr. Piffer numerosos edifícios públicos e particulares, tais como a Faculdade Livre de Direito e a Santa Casa de Misericórdia. Indo para Campinas, em 1905, reconstruiu a Matriz de Santa Cruz, e projetou e construiu o edifício do Centro Ciências, Letras e Artes, Colégio do Sagrado Coração de Jesus, Casa Alemã (filial). Traz muitas obras em construção pelo interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Em Ribeirão Preto, dirigiu a construção da catedral e projetou o Palácio Episcopal.
Sendo chamado a Poços de Caldas, construiu a Matriz, a Prefeitura Municipal e, por conta própria, construiu ainda o Polytheama-Theatro-Casino e o Grande Hotel.
Com a fusão das águas Samaritana e Rio Verde, em Caldas, fundou o sr. Piffer a Companhia Melhoramentos Poços de Caldas e pretende construir um estrada para tração elétrica ou automóveis até Caldas (Pocinhos Rio Verde), onde também haverá um grande hotel e cassino. O sr. Piffer ficará sendo o diretor técnico da empresa".
   
  

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

PARQUES E AVENIDAS, 1905

O mapa acima resume alguns projetos de 1905, do prefeito David Benedicto Ottoni. Como a imagem não é bem definida, Memória de Poços de Caldas fez algumas observações, especialmente o traçado em amarelo, denominado Avenida de Contorno, que passaria pela borda da Serra de São Domingos, zona leste, zona sul e oeste, margeando ainda dois grandes parques, destacados em verde: o "Parque Florestal", na zona sul, que englobaria o Aeroporto e até mesmo a área onde hoje se discute a implantação ou não do chamado Paço Municipal; o "Parque das Antas", na zona oeste, hoje tomado por indústrias e residências, além da Represa Bortolan.
   
A legenda original da imagem, publicada no livro "Poços de Caldas", de Homero Benedicto Ottoni, destaca: "Parque Florestal na bacia do ribeirão das Vargens, onde se preservariam a fauna e a flora regionais. Do represamento do ribeirão originar-se-ia extenso lago propício a esportes náuticos".
   
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
   

terça-feira, 13 de setembro de 2011

PRAÇA SENADOR GODOY

Praça Senador Godoy, hoje Praça Pedro Sanches. Observe que ainda não existiam os prédios da Thermas, Casino e Hotel, entregues em 1931. Também não havia o Palacete da Prefeitura, de 1911. À direita, a ponte na hoje esquina da praça com a Rua Prefeito Chagas. À esquerda, está a captação das águas termais.
  
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
  

domingo, 11 de setembro de 2011

CALDENSE X BRAGANTINO: 1938

O jornal "Cidade de Bragança", de Bragança Paulista, reproduziu um reportagem histórica, de 8 de setembro de 1938. Nicolino dos Santos, redator e diretor do Jornal Cidade de Bragança, na época, foi convidado pela diretoria do C.A. Bragantino para acompanhar a delegação a Poços de Caldas. Acompanhe:
  
“Nicolino dos Santos, representou este jornal, Cidade de Bragança, junto à caravana do Atlético a Poços de Caldas e descreveu em rápidas linhas o que foi a visita dos Bragantinos a Poços de Caldas, a risonha cidade de Minas. O repórter, como muita gente, só conhecia Poços de Caldas através dos jornais e das fotografias. Quem pode não deve deixar de conhecer essa maravilha. Poços é uma cidade dentro de um jardim. É como disse o Júlio Silveira, um brilhante engastado em Minas. É uma viagem longa, longa mas encantadora, duzentos e tantos quilômetros vencidos em sete horas, mais ou menos.
  
Os automóveis em números de dez a doze, partindo em horários diferentes, riscaram as estradas sem o menor incidente, desfraldando a flâmula do valioso quadro dos calções negros. O repórter instalou-se num Ford Typo 29 em companhia de Ruge o guardião, de Wilson Magrini, reserva e de Daniel Bovi e Marcelinho Pinto Teixeira.
 
Deixamos Bragança às 14h30 da tarde. Às 16h mais ou menos alcançamos Itatiba e devorando estradas com a perícia e prudência do motorista Dante, fomos deixando para traz várias cidades: Itatiba, Valinhos, Campinas, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, São João da Boa Vista, Águas da Prata e finalmente Poços de Caldas onde chegamos às 22h da noite, isso porque em todas as cidades percorridas fazíamos um descanso de quinze minutos a espera dos carros retardatários. Alojada a turma da pelota no Hotel Guarany, os caravanistas se distribuíram pelos vários hotéis da cidade. O repórter em companhia de Marcelo Stefani acomodou-se no Hotel Lealdade, onde já se encontravam Assis Leme, Aguiar Leme, Wilson, Ismael Leme e Miguel Longo. Feita a necessária “toilette” o Marcelo saiu em busca dos “craques” que naturalmente se achavam “dispersos” e fez com que todos procurassem as respectivas camas, pois o jogo no dia seguinte, não era lá pra brincadeiras e toda a “macacada” dormiu santamente.
 
Domingo durante o dia foi dedicado às visitas. Não ficou um só ponto da cidade que não fosse visto pelos bragantinos. Tudo foi observado minuciosamente. O cassino, as fontes luminosas, as termas, a Fonte dos Amores, o Country Clube, o Balneário Quisisana, a represa e o aeroporto. Cidade pequena, plano, Poços de Caldas é quase toda asfaltada e pelas suas ruas, muito limpas e brilhantes, circulam inúmeras charretes de aluguel que fazem as delícias dos visitantes em passeios pela cidade. Na Fonte dos Amores, belo e pitoresco recanto, os bragantinos se entregaram ao divertimento das fotografias humorísticas. O repórter conseguiu obter vários retratos impagáveis.
  
O Jogo
Às 16h precisamente, os jogadores em automóveis rumaram para o Estádio “Charles Procópio” onde os aguardava uma assistência numerosa, sendo todos recebidos com uma prolongada salva de palmas. Poucos momentos antes do início da partida, Marcelo Stefani, capitão do quadro do “Atlético” fez a entrega de uma riquíssima flâmula a Nevercinio, capitão do quadro Caldense. Flâmula essa que traduzia o abraço e a amizade dos jogadores bragantinos aos seus colegas mineiros. Obedecendo a chamado do juiz Caetano Lambert, os quadros se alinharam em campo na seguinte formação. Atlético Bragantino: Ruge, Maneco e João Toledo. Pepe, Américo e Marcelo Stefani. Guan Vilchez, Figueiredo, Biba Arruda, Jorginho e Oswal-dinho Arruda. Caldense: Bruno, Maran e Mário. Jayme, Hélio e Tatão. Lolo, Nevercinio, Fubá, Vito e Didio.
  
Às 16h20 começa a partida. Os caldenses atacam com vontade, investindo seguidamente contra a meta defendida por Ruge ou porque estranhe o campo que de fato é pequeno ou devido ao nervo dos jogadores, o nosso quadro joga pessimamente. Não há harmonia. A defesa e a linha jogam completamente afastados. Os caldenses, ligeiros, combinados, cerram o ataque. Não haviam decorridos ainda dez minutos, quando Fubá, recebendo, visivelmente ofesaide (offside) a pelota dos pés de Lolo, abre a contagem para o seu quadro. Alguns protestos, mas o juiz mantém a decisão. Os caldenses continuam a atacar fortemente, obrigando a Ruge praticar belíssimas defesas. O quadro bragantino não anda. Joga desarticuladamente. Cinco minutos depois, Fubá assinala outro ponto. A assistência delira. Com esse feito, parece aumentar ainda mais o desânimo do quadro bragantino. As pontas, Lolo e Didio jogam completamente livres. Da defesa bragantina só Américo desenvolve um jogo firme, bonito, mas atrasado. Guan e Oswaldinho nada fazem. Assim continuam Pepe e Jorginho. Aos vinte e cinco minutos de jogo Vitto aumenta para três a contagem. Mais algumas jogadas e termina o primeiro tempo com o resultado seguinte: A.A. Caldense 3 x 0 C.A. Bragantino.
  
No segundo tempo o quadro do Atlético sofreu ligeira modificação: Jorginho foi substituído por Neco e Guan passou para a meia esquerda. Reiniciando o embate o esquadrão bragantino, com surpresa geral, mostra fortíssima reação, atacando decididamente o campo adversário. Assim é que aos cinco minutos de jogo, Figueiredo, com um belo e fortíssimo tiro, vasa o retângulo caldense. Os bragantinos reanimam-se. O jogo equilibra-se. Três minutos depois Neco assinala o segundo ponto, também conquistado com belíssimo estilo. A torcida bragantina freme em entusiasmo. Os jogadores, idem. A peleja se desenvolve no meio do campo. O Atlético dá várias investidas, mas sem resultado. Falta de sorte. Nada menos de quatro bolas foram chutadas na trave contrária: pelotaços de Neco, Oswaldinho e Figueiredo. Toledo joga como gente grande. Todos se esforçam, com denodo, na esperança de empatar a peleja. Mas a sorte é ingrata. Numa investida dos caldenses, Vito marca o quarto e último tento para o seu clube. O embate prossegue animadíssimo. O quadro mineiro demonstra visível esmorecimento, diante da decidida reação dos bragantinos. Jogassem os nossos assim, no primeiro tempo e a vitória não ficaria, certamente, em Poços de Caldas. Mais alguns lances e o juiz dá por terminado o encontro com resultado seguinte: A.A. Caldense 4 x 2 C.A. Bragantino.
   
Notas da Reportagem
O jogo abrilhantado por uma excelente corporação musical foi irradiado pela P.R.H. 5, Rádio Cultura Poços de Caldas. Reinou, durante o embate, a maior disciplina, nada se verificando que viesse empanar o brilho da magnífica tarde esportiva.
A torcida caldense causou a melhor das impressões. Muito educada e entusiasmada. O juiz da partida, sr. Caetano Lambert, teve uma atuação assim, assim. O sr. Mario de Oliveira Chandó, um dos ótimos elementos do grêmio caldense e funcionário das Termas, sempre se mostrou gentil para com a caravana bragantina, acompanhando-a em todas as visitas e fortalecendo os menos detalhes.
Muito atenciosos e solícitos, se mostraram também os srs. Dr. Wilson Medeiros, Marcello Stefani, dr. Aguiar Leme, Dante Bovi, Marcelinho Pinto Teixeira, todos da caravana bragantina.
De volta, logo adiante de Valinhos, o Ford, tipo 29, foi bamba: tendo sido queimada uma ponte, obstruindo a estrada, o Fordinho varou um areião colossal, conseguindo alcançar, novamente, a estrada de rodagem, com grande alegria do Dante Bovi, o piloto, e dos seus companheiros de viagem. Esta redação se confessa grata, ao Clube Atlético Bragantino, pelo convite e pelas atenções dispensadas ao seu representante, quer durante a viagem, quer em Poços de Caldas.
  
Bolo Esportivo
O “bolo esportivo”, organizado num dos bares da cidade e que atingiu a quantia de 11$500, não teve vencedor. Diante disso, os seus organizadores deixaram nesta redação a importância acima, destinada ao Asylo de Mendicidade.
 
Os Retratos Humorísticos
As impagáveis fotografias, tiradas em Poços de Caldas, encontram-se expostas em “nossa casa”, de Pedro Montanari, situada à Rua Dr. Cândido Rodrigues".
   

terça-feira, 6 de setembro de 2011

POÇOS DE CALDAS, 1961

Do acervo do Memória de Poços de Caldas, reportagem publicada pela revista Quatro Rodas, em março de 1961, mostra como era a cidade há 50 anos, com seus 39 mil habitantes e 87 hotéis. Acompanhe.
ÁGUAS DE SAÚDE BROTAM DOS VALES
No centro da cidade de Poços de Caldas, a conhecida "Fonte dos Amôres" é ponto de visita obrigatório: romântico. 
A 4 quilômetros, a "Cascata das Antas", onde as águas despejam de cêrca de 40 metros de altura: majestoso.

QUATRO RODAS começa neste trabalho a vi­sita às nossas "estações". Estabelecemos um pri­meiro roteiro, que compreende Poços de Caldas, Serra Negra, Águas de Lindóia e Águas da Prata. Outros roteiros se lhe seguirão em breve, até que tenhamos completado um panorama geral. Para to­dos os gostos e todas as necessidades. Apresentando um relato sucinto, sobre as virtudes clínicas, para os que têm um "fígado aborrecido"; descrevendo as cidades, para os que querem escolher o mais apro­priado sítio de descanso; analisando o conjunto de atrações turísticas, para os que querem fugir das cidades, mas encontrar no destino um pouco de di­versão a par de higiene mental. Abrindo a série. . . 
...Poços de Caldas, vulcão de saúde 
Assentada num grande vale (muito parecido com uma enorme cratera vulcânica) e circundada pelas serras de Poços, Caldas e Caracol, Poços de Caldas é a mais elevada das cidades sul-mineiras: 1.186 metros acima do nível do mar. Tem todas as con­dições para confirmar a sua tradição de primeira estância hidromineral brasileira. Com seus 87 esta­belecimentos hoteleiros, agradável paisagem natural, clima ameno e regular (diz-se que Poços não tem verão e inverno, mas tem só 12 meses por ano), tradição de seus festejos carnavalescos de rua, manifes­tações folclóricas (dançam-se nas ruas, de 1 a 13 de maio, o caiapó e a congada como parte dos fes­tejos de São Benedito), água "quente" e um bom balneário, nada falta a Poços para se firmar nessa disputada liderança. Foi, de fato, difícil esquecer que tudo deveria vicejar à sombra do jogo (que "vira-e-mexe" se abre novamente por pequenas tem­poradas); hoje, já se constrói sob outra mentalidade.
  
A cidade tem 80 anos e o conhecimento de suas virtudes remontaria a épocas imemoriais, "quando caçadores e boiadeiros se assustavam ao verificar a predileção dos animais pela água dos poços de Caldas, onde sempre iam beber, e cujos sais lhes proporcionavam fantástica engorda". Em agosto de 1884, era inaugurado o "Hotel da Empresa", com 60 quartos e diária de cinco mil réis.
  
O município tem hoje 38.760 habitantes, dos quais 32.500 na cidade, vale dizer, sem população rural. Sua população flutuante média anda por volta dos dez mil forasteiros.
   
Quarenta médicos locais prescrevem e acompa­nham o uso das águas de Poços de Caldas para os reumáticos, doentes da pele e da nutrição, into­xicados e os que sofrem de bronquites e inflamações internas. E -muitas vezes- contra-indicam para os escleróticos muito idosos, os que sofrem de nefrite, caquexia, cardíacos e tuberculosos.
Tem poesia e usina atômica 
Cavalos, charretes e carrinhos de bode (para os guris) são os mais apreciados meios de locomoção em Poços de Caldas. Uma constante em qualquer canto da cidade. Em todos os passeios tradicionais (que são muitos). Por falar em passeios, não se pode esquecer um outro tipo de "passeio" muito típico: o vaivém de todas as noites na praça prin­cipal: das 6 às 10, o movimento é muito grande, para gáudio dos jovens (e dos crescidos, também). Vamos falar dos passeios de Poços de Caldas, avi­sando, antes, que até nisso parece ser funcional a natureza caldense, pois não há coisas extraordiná­rias para serem vistas e, sim, agradáveis recantos, renovando o convite para o repouso e o sossego.
FONTE DOS AMORES - No centro da cidade, é um recanto bucólico, em meio a um parque montanhoso, onde a água corre em filetes, mansamente, até uma esplanada: aqui, repousa uma estátua em mármore, inspiradora do nome da fonte. Recanto sossegado, onde os turistas vão ler um livro, tirar fotos, e os namorados, sonhar.
CASCATA DAS ANTAS - Situada a 4 quilô­metros, às margens da estrada São Paulo-Poços de Caldas. De cerca de quarenta metros de altura, o rio despenca-se sobre pedras. Na época das chuvas o espetáculo é bonito porque é grande o volume d'água: chega a proporcionar impacto; na seca, a água é pouca: vale o encanto de um lugar bonito.
CRISTO REDENTOR - Com 16 metros de altura e mais 16 de pedestal, ergue-se sobre o morro de São Domingos, a 1.640 metros, uma cópia do Cristo do Corcovado, dominando a cidade. São três quilômetros de subida íngreme, até a estátua; de lá se descortina toda a cidade. Pelo mesmo caminho, com uma variante à direita, vai-se à Pedra Balão, uma singular combinação de duas pedras super­postas. 
REPRESAS - Duas são as represas em Poços de Caldas: a Bortolan, na estrada de São Paulo, e a Saturnino de Brito, na de Caldas. Junto à cidade, constituem-se em agradáveis passeios. Lá, são alugados barcos e remo, pelo preço de cem cruzeiros à hora. 
CRISTALERIA TIPO MURANO - Na Praça Pedro Sanches, 185, o turista pode conhecer os artigos, e na Av. João Pinheiro, 1.707, conhecer a fabricação de cristais tipo Murano, feito por vene­zianos. É uma das poucas fábricas nacionais no gênero e a visita é sempre interessante. Com o pó de quartzo (de Minas Gerais, mesmo), a uma tem­peratura entre 1.000 e 1.300 graus, são moldadas as peças tão conhecidas. A peça mais barata é um "espeto de azeitona", com cabeça de bicho (10 cruzeiros) e a mais cara, um galo de meio metro (2 mil).
CHÁCARA NELLO VITI - Para quem aprecia comer a fruta colhida na hora, recomenda-se uma visita à chácara do Sr. Nello Viti, na Av. João Pi­nheiro, 1.135. As épocas das frutas e seus preços, médios: figo (novembro/abril), 20 cruzeiros a dú­zia; uva (janeiro/março), 40 cruzeiros o quilo; pês­sego (novembro/fevereiro), 80 cruzeiros a dúzia; ameixa (janeiro), 80 cruzeiros a dúzia; peras (ja­neiro), 15 cruzeiros o quilo.
Enquanto não chegam os fregueses mirins (100 cruzeiros à hora, para girar pela cidade), 
o bode descansa de sua faina, mesmo atrelado ao carrinho que faz a alegria da petizada.
A região é grande produtora de vinhos. Na própria cidade, há depósitos de vários fabricantes (Velho Marcassa, por exemplo), onde os vinhos podem ser adquiridos por um preço de 10 a 20 por cento mais barato. Mas, para conhecer a plan­tação da uva e a fabricação dos vinhos, QUATRO RODAS recomenda duas pequenas viagens (de cer­ca de 40 quilômetros cada), por estradas de terra, a. . . 
... Andradas, terra do vinho Madeira 
Pelas condições do clima, a região de Andradas foi escolhida para a fabricação de um tipo espe­cial de vinho: o "Madeira". Como na Ilha, ali "vingaram" bem as uvas de clima quente: "jacque" e "rolanda". Duas fábricas desse tipo de bebida ali se instalaram e podem ser visitadas pelos turistas. Uma, é a "Isidro", cujos rótulos, com "M" e "R", são bem conhecidos, e outra, a "Nau Sem Rumo". Em ambas, podem ser admiradas as filas de tonéis de madeira, onde os vinhos são conser­vados e envelhecidos artificialmente, por ação tér­mica: alega-se que cada 6 meses de calor equivale a 10 anos de envelhecimento natural. Dizem os técnicos que o vinho tipo "Madeira" de Andradas não difere do da Ilha. Lastimam só que, obviamen­te, lhes faltem ainda os vinhos velhos (de 100 e 150 anos) que existem na Ilha da Madeira e que são utilizados para "apurar" as safras recentes. E em CALDAS muitas outras fábricas podem ser visitadas. Vale a pena ir até a Estação Experi­mental de Enologia, do Ministério da Agricultura, onde mais de quatro centenas de variedades de uvas são plantadas e experimentadas. Lá, podem ser provados vinhos dos mais diferentes tipos.
   
Em Poços de Caldas podem ser adquiridos alguns artigos locais interessantes: trabalhos em madeira e couro, da Escola Profissional Dom Bosco; man­teiga (280 cruzeiros o quilo), da Laticínios Caldas; compota de pêssego (vidro de 2 quilos, 300 cruzei­ros) e doces, da Frutícola.
Para tratamento de saúde
As águas de Poços de Caldas são termais, sulfu­rosas e bicarbonatadas. Todo tratamento deve ser feito com orientação médica. Servem para beber (fontes Frayha, Macacos, XV de Novembro, San­tana, Ferruginosa, Nossa Senhora da Saúde, Bela e D. Amélia); para banhos (e tratamento fisioterápico), contando-se para isso as seguintes termas: Antônio Carlos (bem aparelhada); privativas dos hotéis Palace e Quisisana e o Balneário dos Maca­cos (popular). Aproveitando as condições excep­cionais de Poços de Caldas, o governo está cons­truindo, à margem da estrada de Andradas, a 9 quilômetros, a primeira usina de beneficiamento de minérios atômicos, para obtenção de urânio nuclear­mente puro. Um bonito passeio para se conhecer uma obra pioneira. 
87 hotéis em Poços
É muito elevado o número de estabelecimentos hoteleiros em Poços de Caldas: 87, entre hotéis e pensões. Desses, cerca de vinte se situam num pla­no médio de qualidade e serviços, sendo muito procurados durante o ano todo: é o caso do Presi­dente, Imperador, Lafaiete, Gambrinus, Rex, Lealdade, Oeste e o novo (recém-inaugurado) Alvorada Palace.
  
QUATRO RODAS recomenda os seguintes ho­téis: Palace, Minas Gerais e Quisisana. O Palace está situado na parte mais central da cidade e dis­põe de termas sulfurosas quentes próprias, com ins­talações privativas em 25 apartamentos. Tem 115 quartos (preços com refeições: casal 2.300/2.600 e solteiro, 1.260/1.600 - sem refeições, respectiva­mente, 1.470/1.800 e 870/1.700 cruzeiros) e 170 apartamentos (com refeições, 2.610/3.100, casal e solteiro, 1.600/1.700 - sem refeições, 1.800/2.360 e 1.030/1.400, respectivamente). Os apartamentos de luxo e semiluxo (com águas termais em cada um) são alugados aos preços, variáveis por pessoa, de 1.900 a 2.275 cruzeiros, com refeições, e 1.500 a 1.875, sem refeições. O Palace dispõe de vários salões de festas (antigas dependências de jogo), "boite", teatro de bolso e bar. Suas reservas podem ser feitas diretamente, pelo telefone 392. Um cardápio típico do Palace: frios sortidos e saladas; canja; ravióli à piemontesa; bifes de caçarola; arroz, feijão e legumes; porco assado com tutu de feijão, couve e lingüiça; arroz doce.
   
O Quisisana localiza-se em amplo parque a 1,5 km do centro da cidade, e é o que dispõe de maio­res motivos de atração esportiva para o hóspede. Tem águas sulfurosas frias, 4 piscinas, sendo duas internas de água aquecida, departamento de fisio­terapia, quadras de tênis, além de "boite" e cine­ma. Tem 131 quartos (diárias com refeições: casal,1.900/2.150; solteiro, 1.200/1.350 cruzeiros); e 152 apartamentos (casal, 2.350/3.000; solteiro, 1.550/2.400) e mais 48 apartamentos de luxo, com banhos sulfurosos privativos (casal, 2.700/3.500 cruzeiros).
 
Cardápio de uma refeição qualquer do Quisisa­na: frios diversos e saladas; creme de mandioquinha; canja; croquetes de carneiro à "Vílleroy"; fran­go de caçarola à familiar; rosbife à inglesa; legu­mes; torta imperial. Refeição avulsa: 450 cruzeiros.
   
Pormenor importante (e original) no Quisisana; este é um hotel que só fica aberto meio ano, ou seja, de dezembro a abril e durante o mês de julho. Nos meses de maio, junho, agosto, setembro, outu­bro e novembro, cerram-se suas portas. Reservas an­tecipadas: Rio de Janeiro, fone: 22-8554; São Pau­lo, fone: 37-9331.
   
O Hotel Minas Gerais localiza-se na parte cen­tral da cidade e dispõe de 84 apartamentos (casal, 1.700/1.800 cruzeiros; solteiro, 1.000). Um car­dápio típico: maionese, frios e saladas; canja; "gnocchi" à piemontesa; tira argentina, batatas na manteiga; "entrecôte" grelhado ao mandiopã; ba­nanas ao forno. Refeição avulsa: 280 cruzeiros. Reservas podem ser feitas diretamente (fone 227) ou nas seguintes agências: Exprinter, Cook e Geral, em São Paulo e Rio de Janeiro.
   
Durante o período de temporada, funcionam to­das as noites as duas "boites" da cidade: a do Palace (mais movimentada) e a do Quisisana. Fora dessas épocas, esta última também se mantém em funcionamento permanente, enquanto que a pri­meira só o faz às quintas, sábados e domingos. No Palace, é cobrada entrada: cavalheiros, 200 cru­zeiros; damas, 100, não havendo exigência de consumação mínima, como não há no Quisisana, igualmente.
  
Fora dos horários de refeições, dois restaurantes são muito procurados e podem ser recomendados: Castelões e Progresso. Para "esticadas" na madru­gada, só o "Araújo", onde vão os "boêmios", ou o seu vizinho (um bar de aspecto regular), o "Sem-Sem", onde os "conhecedores" vão comer o seu bife antes do amanhecer.
No centro da Praça Pedro Sanches, o Palace Hotel. Logo atrás, a fonte luminosa, 
orgulho da cidade e uma das mais belas de todo o País.
Abaixo, reprodução do mapa de três páginas encartado na revista. Observe o trecho da estrada entre Águas da Prata e Poços de Caldas -não havia asfalto.
   
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

MOGYANA, MUITO ALÉM DA FERROVIA

A contribuição da Cia. Mogyana ao desenvolvimento de Poços de Caldas não se resume ao progresso transportado pelas composições ferroviárias. Importantes obras civis têm a assinatura da empresa, caso da Avenida Francisco Salles e da Praça Pedro Sanches.
   
O livro "Poços de Caldas", de Homero Benedicto Ottoni, na pequena biografia do prefeito David Benedicto Ottoni (no site da Prefeitura de Poços de Caldas o nome do prefeito está grafado de maneira incorreta), relata:
   
"Ao findar o ano de 1904, ainda primeiro Juiz de Paz, e já eleito vereador da Câmara Municipal, mandou derrubar o remanescente das primitivas matas no perímetro urbano, e que se estendiam da rua da Vala até a estação ferroviária, atualmente o leito do ribeirão da Serra. Incumbiu dessa tarefa a Antéro de Castro auxiliado por cêrca de 60 trabalhadores. Queimado o mato e limpo o terreno, obteve do Inspetor Geral da Companhia Mogiana, Dr. José Pereira Rebouças, a cooperação da via férrea, que estendeu um desvio pela margem direita do ribeirão. Aterrando e levantando essa margem, até então baixa ao nível das águas, resultou a avenida que projetara e a que se denominou Francisco Salles.
  
Anteriormente já havia a Mogiana prestado o seu concurso, auxiliando no atêrro da praça Senador Godoy".
Canalização do Ribeirão de Poços, em 1908

 
Taludamento da rua da Vala, hoje Avenida Francisco Salles

Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.

sábado, 3 de setembro de 2011

TERREMOTOS EM POÇOS DE CALDAS

O Almanaque Sul Mineiro, publicado em 1884, relatou: "Às 4 horas e 44 minutos da madrugada de 21 de outubro de 1882 sentiu-se na povoação um tremor de terra, em seguida a três estampidos semelhantes a trovões, que se sucederam com intervalos de alguns segundos. O fenômeno, além de assustar muito aos que o observaram, abalou as casas, agitando os móveis, louças etc. mas não trouxe nenhuma consequência séria".
  
Outro abalo está descrito no livro "Poços de Caldas", de Homero Benedicto Ottoni, de 1960: "O tremor de terra repetiu-se, numa sexta-feira -às 3 horas e 54 minutos da madrugada, no dia 27 de janeiro de 1922. Durou 4 segundos, com amplitude de 8 centímetros. Não houve alteração da vazão e descarga da água sulfurosa. Abalou casas, agitou móveis, louça etc. Atingiu a extensa zona dos Estados de S. Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro".
  
registros de que o tremor de 1922 atingiu 5,1 graus na escala Richter, cujo epicentro foi em Espírito Santo do Pinhal - SP.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

BONDES EM POÇOS DE CALDAS

Memória de Poços de Caldas desconhecia essa possibilidade até analisar com calma a foto acima, já publicada no site. Observe, bem diante dos pés dos distintos cavalheiros, os trilhos em plena Rua Junqueiras.
    
Roberto Tereziano esclarece: "Nossa cidade já teve bonde sim". O livro "Poços de Caldas, de Homero Benedicto Ottoni detalha: "A Câmara condeceu a 10 de outubro (de 1892) a Marcos Antônio Teixeira a exploração do transporte por carris urbanos, tração animada, bitola métrica. O trajeto principal, circular, passaria pelos hotéis, e iniciando na estação da estrada de ferro, seguia pela rua da estação, praça Senador Godoy, rua Junqueiras, Marquês do Paraná até a rua da Vala, ou do Canal de Desvio, donde regressava.
  
O ponto de estacionamento era na praça principal em frente ao sobrado de Constantino Moniz Barreto, posteriormente sede da Câmara Municipal, no pavimento superior.
  
Prazo de contrato de 25 anos, limite máximo permitido pela lei no. 2 para as concessões. Estava isento de impostos municipais, todavia, findo o prazo todos os bens da emprêsa reverteriam ao domínio municipal, sem indenização alguma. Obrigava-se o transporte gratuito de malas postais e seus condutores, à funcionários públicos mediante requisição de passe.
  
Com o advento dos carros de praça, também de tração animada, o bonde perdeu sua finalidade, foi deixado ao abandono, constituindo um amontoado de ferro velho no pátio externo da estação da Mogiana, lá ainda se achava no ano de 1904. Os trilhos estavam sendo retirados em 1899".
  
Tereziano complementa: "com o  aparecimento e crescimento rápido dos carros de praça, coches, também de tração animal, muitos dos quais pertencentes ao Barão do Campo Místico e aos Quinteiros, o bonde perdeu sua finalidade. Depois houve ainda uma nova tentativa de voltar o serviço com o próprio empresário de cassinos e diversões Constantino Barreto, mas a ideia foi mais uma vez abandonada, ficando por muito tempo os trilhos atrapalhando o trânsito no centro da cidade. Estou à procura de um registro que tenho guardado em meus papéis, de um contrato feito entre prefeitura e um empreiteiro para a retirada dos trilhos".

Memória de Poços de Caldas agradece a colaboração de Roberto Tereziano.

Atualizando: em 3 de fevereiro de 2014 Denis W. Esteves, presidente do Instituto História do Trem, sediado em Ribeirão Preto-SP, enviou a publicação abaixo, localizada na Revista de Engenharia, de 18 de Janeiro de 1888. Confira:
 
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
"Povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la".