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sexta-feira, 29 de abril de 2016

CASSINOS: O FIM DA ERA DE OURO

Há 70 anos, em 30 de abril de 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra decretava o fim da prática ou exploração de jogos de azar em todo o território nacional.

Os motivos elencados no Decreto-Lei 9215, daquela data, foram muitos:
"a repressão aos jogos de azar é um imperativo da consciência universal;
a legislação penal de todos os povos cultos contém preceitos tendentes a êsse fim;
a tradição moral jurídica e religiosa do povo brasileiro é contrária à prática e à exploração de jogos de azar;
das exceções abertas à lei geral, decorreram abusos nocivos à moral e aos bons costumes;
as licenças e concessões para a prática e exploração de jogos de azar na Capital Federal e nas estâncias hidroterápicas, balneárias ou climáticas foram dadas a título precário, podendo ser cassadas a qualquer momento".

Conta-se que a motivação mais importante teria sido a pressão da primeira-dama Carmela Dutra, a "Dona Santinha", que teria abraçado a causa da Igreja Católica contra o ambiente viciado e libidinoso dos cassinos.

A história dos cassinos em Poços de Caldas tem início no século 19, quando a cidade era ainda uma pequena vila. Registros indicam que, por volta de 1890, os hotéis de então, já recebendo turistas em busca dos tratamentos terapêuticos proporcionados pelos banhos de água sulfurosa, ofereciam aos hóspedes alguns jogos, como forma de lazer durante as estações de cura a que se submetiam, em geral longas.

Considerada por muitos a Las Vegas brasileira, o jogo tornou-se um grande negócio para a cidade, empregando muita mão-de-obra e atraindo jogadores de todo o País, resultando por exemplo na existência de voos regulares para a cidade, partindo das maiores capitais brasileiras (então São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte) após a inauguração do aeroporto em 1938. Por suas características, Poços de Caldas, guardadas as proporções, estaria mais para Monte Carlo do que Las Vegas. Mas esse é um ponto de vista pessoal do autor.

Como em toda cidade que abriga casas de jogo, essas passaram a movimentar a economia, de onde vinham salários e gorjetas, muitas vezes na forma das próprias fichas de jogo, que circulavam como moeda regular na cidade. Especialmente nos meses de férias, as temporadas de verão e inverno eram épocas de festa para o comércio local. Ainda hoje é assim, mesmo sem os cassinos.

Foram muitos os estabelecimentos dedicados ao jogo em Poços de Caldas. Nomes como Rádium, Éden, Bridge Club, Caldense, Cassino "Velho", Ideal Cassino, Nacional, Social Club, Salão Biju ou Ideal Cassino estão entre os mais lembrados, apesar da carência de fontes para pesquisas mais profundas.

Com o fim do jogo, Poços de Caldas mergulhou num período de considerável decadência, voltando a se redescobrir como destino quase obrigatório para casais em lua de mel.

Curiosamente, apesar do fim do jogo ter sido decretado em 1946, seis anos depois um Delegado de Polícia "linha dura" -o Dr. Helvécio Horta Arantes- foi designado para encerrar, de vez, as atividades de pelo menos três cassinos que insistiam em continuar ativos em Poços de Caldas. Clique no link ao final para conhecer os detalhes dessa interessante história.

Link para o Decreto de Dutra -clique aqui

Link para a curiosa missão do Dr. Helvécio Arantes -clique aqui

Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
"Povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la".

quinta-feira, 26 de março de 2015

RAMAL DE CALDAS: CURIOSIDADES


Os irmãos Guilherme e Nicolau Rehder empreitaram a construção, iniciada em 1873, do trecho Mogi-Mirim a casa Branca, no interior de São Paulo, da Cia. Mogyana.

Esse trecho da ferrovia passava nas terras de São João da Boa Vista, naqueles tempos ainda uma vila. Em 1878, a Cia. Mogyana construiu ali uma estação, que recebeu o nome de Caldas, mais tarde denominada Engenheiro Mendes.

Em 1883 iniciou-se a construção do Ramal de Caldas, ligando a então estação paulista de Caldas a Poços de Caldas, passando por São João da Boa Vista. Não havendo acordo com os proprietários de terras sobre a cessão de áreas para a passagem dos trilhos, uma nova estação acabou sendo construída no vilarejo de Bom Jesus de Cascavel, mais tarde denominada Aguaí.

Para a obra do Ramal de Caldas foi contratado o engenheiro polonês Alexander Brodowsky, que tornou-se famoso por resolver o problema de ascensão da ferrovia no trecho de serra até Poços de Caldas.

A construção foi dividida em duas seções: da estaca zero até o km 42, contratada com Joaquim Gomes Netto; do km 42 até o ponto final, km 76, em Poços de Caldas, a responsabilidade foi de Nicolau Rehder.

O trecho de serra entre Águas da Prata e Poços de Caldas é considerado o de construção mais difícil executado pela Cia. Mogyana. No Túnel ali existente, em uma das entradas, é possível ver as iniciais de Nicolau Rehder, gravadas no cimento.

Uma história curiosa, contada pelos descendentes de Rehder: quando ficou pronta a ferrovia para Poços de Caldas, as pessoas tinham receio de fazer a primeira viagem, por conta do Túnel e dos Pontilhões (o Tajá é o maior deles).

"Nicolau fez uma viagem colocando toda sua família e os operários que trabalharam na construção num vagão, subindo a serra em marcha-ré. Terminada a façanha, disse a todos que o aguardavam na estação final: 'Se nada aconteceu à minha família, nada acontecerá a ninguém'", relata o livro Alemães, Suecos, Dinamarqueses e Austríacos em São João da Boa Vista, de Jaime Splettstoser Junior, fonte das fotos abaixo, de 1910, pertencentes ao acervo do Museu da Cia. Paulista de Ferrovias.

Brodowsky foi nome de uma rua em Poços de Caldas, hoje a Rua Padre Feijó, no centro da cidade.

 
Estação Poços de Caldas
 Trecho da Serra
 Tajá
 Túnel
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"Povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la".

quinta-feira, 23 de maio de 2013

RECLAMES, 1925 - 4

Reclame era a forma pela qual eram conhecidas as veiculações publicitárias, antigamente.
  
Memória de Poços de Caldas recebeu recentemente o raro livro "Uma Estação em Poços de Caldas", de Carlos da Maia, 1a. edição, de 1925, do qual destaca, ao longo dos próximos dias, as publicidades que foram ali veiculadas. São de formato simples, mas o conteúdo sempre é interessante. Acompanhe.
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"Povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la".

quarta-feira, 22 de maio de 2013

RECLAMES, 1925 - 3

Reclame era a forma pela qual eram conhecidas as veiculações publicitárias, antigamente.
  
Memória de Poços de Caldas recebeu recentemente o raro livro "Uma Estação em Poços de Caldas", de Carlos da Maia, 1a. edição, de 1925, do qual destaca, ao longo dos próximos dias, as publicidades que foram ali veiculadas. São de formato simples, mas o conteúdo sempre é interessante. Acompanhe.
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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SINA POLÍTICA

Em 29 de dezembro de 2011 Memória de Poços de Caldas falou sobre os prefeitos da, cidade desde 1905 até o atual mandatário. Ao final, apontou uma curiosidade: até aquela data nenhum prefeito havia cumprido dois mandatos seguidos.

As eleições recentes mantiveram essa "tradição", com a eleição de Eloísio Lourenço do Carmo, que assume em 1o. de janeiro de 2013. Se a tradição se manterá ou não, só daqui quatro anos se saberá.
  
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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CIA. MELHORAMENTOS

A imagem acima, enviada pelo amigo Tony Belviso, é de uma Ação da Cia. Melhoramentos, empresa da qual há uma boa referência num trabalho acadêmico, cujo link está ao final. Acompanhe:
  
"Duas empresas marcaram época em Poços de Caldas. A primeira delas, a Companhia Termal de Poços de Caldas foi criada em 1906 para realizar os projetos de construção do então prefeito Policarpo Rodrigues. A empresa deveria cuidar de toda a iluminação da cidade, da água e esgoto, da edificação da Igreja Matriz, construção de ruas e avenidas, além de um balneário e um hotel modelo, com teatro e cassinos. Em compensação, a Companhia teria direito a toda renda obtida com os banhos termais e jogos durante 25 anos. Porém, a empresa não atingiu os objetivos e, em 1911, foi arrendada para uma nova firma, a Companhia Melhoramentos de Poços de Caldas, que deu continuidade aos trabalhos.

A cidade era governada por Francisco Escobar (1909-1918), um dos políticos que mais colaborou para o desenvolvimento e divulgação da estância. A nova prestadora de serviços foi quem construiu, por iniciativa de Escobar, o primeiro luxuoso cassino e hotel de Poços. Era o Politeama, em anexo com o Grande Hotel.
  
Encabeçada por diversos empresários, era de responsabilidade da Melhoramentos construir ainda mais um hotel e outro cassino extramente luxuosos, o que mais tarde seriam o Palace Casino e o Palace Hotel. A empresa atravessava um período de desenvolvimento, assim como Poços de Caldas. 
  
Além de construir, os empresários também conseguiram monopolizar os serviços de jogos e hotelaria da cidade. Entretanto, para conseguir esta condição, a empresa deveria cumprir com todos os acordos firmados com a Prefeitura.
  
Em meados da década de 20, a Melhoramentos entrou em crise. Inúmeros empréstimos foram solicitados ao Estado, mas sem dinheiro para continuar, as obras foram paradas e a empresa foi à falência. A sociedade poços-caldense da época festejou o fechamento da firma, uma vez que ninguém podia investir em hotéis ou jogos, já que a exclusividade era da Melhoramentos.
  
Em 1927, já com Francisco de Paula Assis Figueiredo (1931-1939) a frente da Prefeitura o monopólio dos jogos é extinto e outros salões puderam surgir em Poços de Caldas.
  
O presidente do Estado, Antônio Carlos Ribeiro Andrada, soube dos problemas que a cidade enfrentava e, por isso, assumiu o compromisso de terminar as obras iniciadas pela Companhia. A verba para tais construções seria enviada pelo Estado. Entre as obras inacabadas estavam a do Palace Hotel e do Palace Cassino". Fonte: A Era dos Cassinos em Poços de Caldas .

"Zeca da Pedra": sobre o titular da ação, Cel. José Custódio Dias de Araújo, há uma história importante: "O desbravamento da região onde está situado o município (Campestre-MG) foi feito pelos bandeirantes, que, partindo de São Paulo à procura de ouro e pedras preciosas, penetraram no território. Ponto de passagem de viajantes que se dirigiam às antigas cidades de Aparecida do Norte (SP) e Campanha (MG), logo surgiram no local os primeiros ranchos e abrigos de descendentes de portugueses vindos de Campanha, Cabo Verde e Santana. Por volta de 1890, os chefes políticos e autoridades locais, liderados pelo Cel. José Custódio Dias de Araujo, "Zeca da Pedra", descontentes com o descaso do Governo da Província de Minas Gerais, resolveram transformar o distrito em República. Mas a "República de Monte Carmelo" teve vida breve, sendo rapidamente dissolvida pelo Governo Central. Em 1911, Campestre tornou-se município".

Luis Nassif também tratou do tema. Confira clicando aqui.
  
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quinta-feira, 21 de junho de 2012

"FALANDO PARA A CIDADE, COCHICHANDO PARA O INTERIOR"

Nos anos 1970, ainda garoto, um dos melhores programas que havia era ir ao futebol com meu pai e irmãos. Tudo era interessante, além do jogo, claro: a torcida (do Corinthians, uma das boas heranças do Seu Rubens), o batuque, os palavrões... Era o tempo de Rivelino, dos 23 anos sem ganhar um campeonato. Tempo bom de futebol limpo, em que cada time tinha um craque que as torcidas adversárias admiravam -Ademir da Guia no Palmeiras, Pedro Rocha no São Paulo, o tal do Édson, camisa 10 do Santos.
   
Fim de jogo, ganhando ou perdendo, a volta para casa tinha uma atração especial: era o Show de Rádio, comandado por Estevam Sangirardi. Um dos destaques era a Rádio Camanducaia, que você ouve clicando na imagem acima. O locutor era interpretado pelo locutor poçoscaldense Odayr Batista.
   
Nessa gravação, em "quase ondas médias", há uma referência a Poços de Caldas. Divirta-se!

domingo, 17 de junho de 2012

HÁ 50 ANOS, BICAMPEÕES


"Um dos melhores zagueiros da história do futebol brasileiro, o mineiro Mauro Ramos de Oliveira morreu no dia 18 de setembro de 2002, em Poços Caldas, sua cidade natal.

Nascido no dia 30 de agosto de 1930, Mauro deu seus primeiros passos no futebol na Sociedade Esportiva Sanjoanense, de São João da Boa Vista (SP) e profissionalizou-se no São Paulo Futebol Clube no final da década de 40.

Seu estilo bonito e elegante de jogar lhe rendeu o apelido de "Marta Rocha". No São Paulo participou de quatro títulos paulistas (48, 49, 53 e 57). Em seus 11 anos de Tricolor (de 1948 a 1959), Mauro atuou em 492 jogos (298 vitórias, 98 empates, 96 derrotas) e marcou apenas dois gols. Os dados constam no Almanaque do São Paulo, de Alexandre da Costa.

Depois de ficar aproximadamente 12 anos no Tricolor Paulista, Mauro se transferiu para o Santos. Lá, jogou por seis anos (de 60 a 66) e conquistou cinco títulos paulistas (60,61,62,64 e 65), penta da Taça do Brasil (61, 62, 63, 64 e 65), três Rio-São Paulo (62, 64 e 66), duas Libertadores (62 e 63) e dois mundiais (62 e 63).

Mas não foi apenas no São Paulo e no Santos que Mauro Ramos fez história. Ele foi bicampeão mundial pela seleção brasileira, em 58 e 62, sendo que em 1962, na Copa do Mundo disputada no Chile, o zagueiro teve a missão de ser o capitão da equipe. Jogou com a camisa canarinho 30 vezes e participou também, como reserva, das Copas de 50 e 54.
Milton Neves"

Mauro Ramos de Oliveira, capitão do bicampeonato, levantou a taça em 17 de junho de 1962.

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"Povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la".

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

CARMINHA MASCARENHAS

A cantora   Cármina Allegretti, conhecida como Carminha Mascarenhas, de 81 anos, uma das cantoras dos áureos tempos da Rádio, morreu em 16 de janeiro de 2012 no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.
   
Segundo a assessoria do hospital, Carminha deu entrada no setor de emergência no dia 10 de janeiro. A pedido da família, o motivo da morte não pode ser divulgado.
   
Nascida em Minas, mudou-se com a família para São Paulo quando tinha ainda poucos meses de idade e, mais tarde, foi morar em Poços de Caldas, onde se formou professora primária. Começou a cantar no coral da Igreja Matriz de Poços de Caldas, destacando-se pela voz de contralto.
   
Acompanhada pelo pai e pelo tio ao violão, começou a se interessar pela música popular. Era casada com o pianista Raul Mascarenhas, com quem teve um filho, o saxofonista Raul Mascarenhas Jr., que foi casado com a cantora Fafá de Belém, casamento do qual nasceu Mariana, também cantora. 

Clique aqui para ver um vídeo com a cantora.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

SECRETÁRIO POLLI, ALIADO DA PRESERVAÇÃO FERROVIÁRIA

O secretário interino de turismo de Poços de Caldas, José Carlos Polli, em entrevista ontem (16/2) ao Jornal do Meio Dia, da TVPlan, disse:
    
“Cadê o Rubens Caruso? Ele não vem aqui hoje? Queria tanto discutir com ele... Ele já me arrumou uns problemas sérios lá, na escolha da rainha e do rei Momo. Ainda bem que o Ministério Público entendeu que não haveria problema e liberou o local lá. A gente fez, a TV Plan transmitiu, foi um sucesso danado, né, não só a transmissão mas o tanto de gente que teve lá, a banda extraordinária, tudo transcorreu normalmente, não houve nenhum prejuízo para o patrimônio público, então eu acho que valeu a pena”. 
Nesse ponto, o apresentador Roberto Tereziano intercedeu: “O trem não saiu da linha”. 
Polli retoma a palavra: “Embora é o seguinte: o Caruso fica falando que a gente fica dando a volta, entrando com veículo lá, mas como é que eu vou entrar se “eles” fecharam o portão lá? O proprietário do posto, viu, Caruso, ele meteu um portão e meteu um cadeado lá. Acho que ele tá ferindo mais o patrimônio que nós que estávamos entrando pela plataforma. Se abrir, tirar o cadeado, abrir o portão, se os veículos necessitarem entrar –lá entrava o trem, um carrinho Uno não vai fazer tanto estrago; onde passava locomotiva, os trem, os vagão tudo carregado, então um Uno não vai fazer muita... né? É o Uno da secretaria que entra ali, a gente guarda lá atrás". 
Novamente, Tereziano interveio: “Ele mandou umas fotos de caminhão lá”. 
Polli respondeu: “o caminhão entrou lá porque o portão tá fechado. Se abrir o portão o caminhão entra por lá. E foi só pra descarregar o material e saiu imediatamente. Agora, não é local pra entrar caminhão".
   
Mais uma vez, algumas considerações sobre essa fala são importantes:
-estou totalmente disponível para qualquer discussão sobre o tema "Preservação do Patrimônio Ferroviário de Poços de Caldas". A Tv Plan não me convidou, por isso não estava lá;
-não foi o Ministério Público que "liberou" aquele evento, mas a Justiça Federal;
-os "problemas sérios" que eu "arrumei" são consequências das precárias condições do patrimônio, assunto em que venho trabalhando há tempos, de modo altruísta, e o próprio secretário, leitor assíduo do Memória de Poços de Caldas, já tomou providências com relação, por exemplo, ao "depósito" em que havia se transformado a Plataforma da Estação, recebendo meu elogio por isso. Confira aqui;
-este jornalista não "fica falando". Ao contrário, tudo é documentado com imagens: carros oficiais transitando e estacionados na Plataforma, culminando com um caminhão de asfalto da prefeitura, que lá não entrou para "descarregar o material e saiu imediatamente" -ao contrário, era um caminhão identificado como adesivos da prefeitura, e ficou lá tempo longo suficiente para que se fizesse uma inimaginável operação tapa-buracos no pátio da Estação;
-o "portão" citado pelo secretário não é do posto, mas está na própria Estação, na parede do armazém, tanto é que há acesso de veículos à área posterior do estabelecimento, na qual está um lavador de carros -sem portão. Logo, a "chave do problema", com perdão do trocadilho, está no bolso do secretário. Muito preocuparia se um particular tivesse o poder de fechar a passagem a uma propriedade do Povo, a Estação, ocupada por um órgão do Poder Executivo;
-o secretário incorre numa dúvida aparentemente comum, mas que não cabe a quem trabalha na Estação e lá está diariamente: plataforma é uma coisa, leito da ferrovia é outra. Na primeira circulam pessoas, na segunda trens -no caso de Poços, por ambas circulam pessoas, carros, caminhões, animais, cadeiras de plástico, trailer sem rodas (esse não exatamente "circula") e muitos objetos estranhos a uma "repartição pública", pior se pensarmos num patrimônio histórico tombado e protegido por lei.
   
Nesse caso, o melhor da fala do secretário foi a frase "Agora, não é local pra entrar caminhão". Muito obrigado, Secretário, por resumir em apenas sete palavras a minha luta pela preservação do patrimônio histórico e turístico chamado Mogyana, demonstrando consciência da questão. De fato, lá não é local para entrar caminhão. Nem carro.
 
Polli é mais um aliado de peso e do qual não se espera, igualmente, nada além do irrestrito apoio à causa, e desta vez é o representante da pasta de Turismo e Cultura, duas áreas muito importantes para o objetivo de Poços de Caldas voltar a ter não apenas um trem turístico, mas uma ligação ferroviária com o Brasil.
   
Bem vindo a bordo, Secretário Polli! Segue um vídeo com algumas imagens do que temos pela frente. Nosso desafio é duro!
Rubens Caruso Jr.
Áudio: Tv Plan
  
Atualizando: o mais novo aliado da preservação ferroviária já deu mostras de como atuará. Uma nota publicada no site da prefeitura, por ocasião da posse do Conselho Municipal de Turismo, do qual Polli é titular, traz: "A solenidade de posse reuniu os novos conselheiros, a equipe da secretaria e interessados no setor. A Camerata do Conservatório Musical Antônio Ferrucio Viviani abrilhantou o evento. 'Temos que utilizar o nosso patrimônio público e histórico com bom senso, promovendo eventos que não provoquem danos e mostrando o que temos de melhor', ressaltou o secretário José Carlos Polli, em referência à realização do evento no prédio histórico da antiga Estação Fepasa". Na foto abaixo, que ilustra a nota oficial, detalhe da cerimônia na Estação. Um exemplo.
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

VEREADOR TOGNI, ALIADO DA PRESERVAÇÃO FERROVIÁRIA

Memória de Poços de Caldas publica, a seguir, trecho da fala do vereador Marcus Eliseu Togni, proferida  em 14/02/2012 na tribuna da Câmara Municipal. A gravação está no vídeo abaixo. Acompanhe:
   
“A gente começa a entender que, até uns tempos atrás, a gente tinha alguma... deslocamento de intenção de Ministério Público. Agora começou Corpo de Bombeiros. Outro dia um cidadão, já que não é a primeira vez que faz isso, sempre afronta, um grande ostentador de veiculação aí, na mídia, Caruso, amigo do nosso vereador (risos) Tiaguinho Cavelagna, entrou com um Mandado de Segurança querendo inibir que o Município fizesse, na Fepasa, a festa do carnaval da escolha da rainha, dizendo que macularíamos a estrutura. Alguém precisa dizer para este senhor que ali funcionava trem, e ele precisa saber quanto pesa uma locomotiva!
   
A gente vive numa cidade, desse jeito, que qualquer pessoa dá um palpite e sempre acha alguém que aceita. Vai pro rádio, e devagarzinho a gente vai detonando e aí a gente vê Campestre, Caconde, Fama, todo mundo vai nos passando nas aptidões turísticas que nós tínhamos. Nós vamos perdendo o patrimônio turístico que nós tínhamos, e a gente fica sem discutir os pontos de vista nosso até que validade tem".
 
Algumas considerações sobre a fala do vereador são importantes:
-embora não compreenda o termo "grande ostentador de veiculação", fato é que este pequeno site expressa, pelo nome -Memória de Poços de Caldas- a vocação desse trabalho;
-não sou "amigo" do vereador citado na fala;
-não entrei com "Mandado de Segurança" contra a realização de evento carnavalesco na Estação. Publiquei um alerta a respeito da incompatibilidade de uso da já deteriorada Estação (o termo Estação, claro, não se refere apenas ao prédio, mas ao conjunto tombado), bem como sugestão de que o evento fosse realizado no Ginásio mais tarde interditado pelos Bombeiros. A ideia foi compreendida pelo Ministério Público Federal, representado pelo Procurador da República José Lucas Perroni Kalil, que ajuizou ação para o caso;
-quanto ao peso de uma locomotiva, posso responder tranquilamente desde que saiba a qual máquina se refere.
Sem ressentimentos. Não cultivo inimizades. Sou do bem.
  
Mas sem dúvida o melhor do discurso do vereador, cujo conhecimento sobre o tema ferroviário abunda, é sua adesão ao movimento de preservação de tão importante patrimônio histórico e turístico de Poços de Caldas. Disse ele: "todo mundo vai nos passando nas aptidões turísticas que nós tínhamos. Nós vamos perdendo o patrimônio turístico que nós tínhamos". Perfeito. Essa frase é chave, que tomo emprestada para afirmar, sem erro, que São Lourenço, Jaguariúna, Tiradentes e outras cidades com projetos ferroviários bem sucedidos estão "nos passando nas aptidões turísticas".
      
Não custa lembrar que a Estação Mogyana, sem o devido cuidado, além da construção de muros no leito da ferrovia, entre outras ameaças, representam claramente que "vamos perdendo o patrimônio turístico que tínhamos".
  
Muito obrigado, Vereador, por resumir tão bem a minha luta pela preservação do patrimônio histórico e  turístico chamado Mogyana. Um aliado de peso e do qual não se espera nada além do irrestrito apoio à causa. Bem vindo, Vereador Marcus Togni! Segue um vídeo com algumas imagens do que temos pela frente.

Rubens Caruso Jr.
Foto: Omar Freire/Imprensa MG

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sábado, 1 de outubro de 2011

CRISTO REDENTOR

Um dos maiores atrativos turísticos de Poços de Caldas é o Cristo Redentor. Localizado no alto da Serra de São Domingos, a 1.686 metros de altitude, foi inaugurado em 13 de maio de 1958, idealizado por José Raphael dos Santos Neto.
   
O monumento tem cerca de 500 toneladas. A imagem do Cristo possui 160 peças e tem 16 metros de altura, resultado da obra executada por Ottaviano Papaiz, artista de Campinas, SP, que teve como construtores Manuel Cândido Martins  e Hércules Tassinari. De acordo com D. Nilza Megale, no livro Memórias Históricas de Poços de Caldas, "cada mão da imagem tem o peso de 400 kg".
   
Na foto acima, do acervo de Décio Alves de Morais, é possível ter uma ideia das dimensões da obra. No detalhe está o idealizador do projeto, junto à mão direita do Cristo.
   
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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

HONÓRIO LUIZ DIAS

"Cartão postal, de 1913, de propaganda da mina de zircônio do Coronel Honório Luiz Dias, no Morro do Serrote, ao sul da Estação Ferroviária da Cascata, atual município de Águas da Prata. O coronel, no meio, veste terno branco. Ele foi líder do movimento de fazendeiros em São José do Rio Pardo-SP, na proclamação da República do Rio pardo, contra o Governo do Império, colocando o delegado de polícia e soldados na cadeia. A esperada represália não ocorreu, pois logo foi proclamada a República no País, em 1889. Construiu uma casa em Poços de Caldas, na Praça Getúlio vargas no. 4, sendo comprada por Ednan Dias da viúva do coronel". Fonte: Memorial da Companhia Geral de Minas, de Don Williams e Alex Prado.
Honório Luiz Dias nasceu em Cabo Verde, MG, em 15 de agosto de 1854, filho de Vicente Alves Dias e Lucinda Candida de Jesus. Casou-se com Mariana Rosa de Oliveira e teve seis filhos. Faleceu no dia 14 de outubro de 1922 em São José do Rio Pardo, SP.
  
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terça-feira, 27 de setembro de 2011

A NINFA DO PALACE HOTEL

Durante muito tempo, a estátua de mármore que há no jardim de inverno do Palace Hotel esteve cercada de mistérios quanto à sua origem.

Obra do escultor italiano Bottinelli, denominada "Le Prime Rose" (As primeiras rosas), representa, conforme descreveu D. Nilza Megale no livro Memórias Históricas de Poços de Caldas, "uma jovem ninfa, vestida à moda grega, com o busto nu e os cabelos presos à nuca por duas tranças. Segura com a mão direita uma ramalhete de rosas, como para protegê-lo de um cabrito, que salta sobre suas coxas para pegá-lo. O cabrito tem guizos no pescoço".
   
Inicialmente, uma versão sobre a chegada da obra a Poços de Caldas dizia que ela estaria num navio italiano retido no porto de Santos durante a Segunda Guerra Mundial. Mas a própria D. Nilza desvendou o mistério: foi o engenheiro Otávio Lotufo (que entre outras construiu o prédio do Aeroporto) que encontrou a obra numa antiga residência paulistana. Israel Pinheiro, que encarregara Lotufo de encontrar uma escultura para o Palace Hotel, considerou o valor pedido alto, e Lotufo decidiu que, dado o valor artístico da obra, compraria para si mesmo, o que acabou motivando Pinheiro a adquirir a estátua que até hoje ocupa lugar de destaque no mais importante hotel da cidade.
  
De fato, parte da história da origem da obra procedia. Lotufo confirmou à D. Nilza que "a escultura estava sendo levada da a Itália para a Argentina, em um navio que foi aprisionado no porto de Santos. Os funcionários do transatlântico resolveram vendê-la para comprar alimentos, pois o estoque estava terminando". Do navio foi para a residência paulistana, e de lá para Poços de Caldas.
  
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"IMPRESSÕES DO BRAZIL NO SECULO VINTE"

"Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 777 a 783, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):
  
Poços de Caldas
Este município deve a sua denominação à lembrança das afamadas águas das Caldas da Rainha, em Portugal. A sua origem se encontra em um arraial, situado na extensa sesmaria dos Costas Junqueiras. O antigo arraial desapareceu para dar lugar à pitoresca vila de Poços de Caldas, hoje transformada em moderna cidade de águas, com ruas bem calçadas e bons edifícios. Um pequeno rio, hoje canalizado, corta a localidade. O renome de Poços de Caldas provém de fontes termo-sulfurosas descobertas em 1876.
   
O município de Poços de Caldas, subordinado a um prefeito da livre escolha do governo de Minas Gerais, tem uma superfície de 17 léguas quadradas e está situado ao Sul do estado de Minas Gerais, sendo servido por um ramal da Estrada de Ferro Mogiana. A população da vila é diminuta para a extensão do seu território, pois representa apenas 6.000 habitantes. A povoação está situada 1.200 metros cima do nível do mar e goza de um clima extremamente saudável.
   
As fontes termo-sulfurosas de Poços de Caldas são em número de quatro: Pero Botelho, 46º centígrados; Chiquinha, 44,6º; Mariquinhas, 44º; e Macacos, 41º. O uso destas águas é recomendado aos doentes de moléstias crônicas, tais como reumatismo, moléstias da pele, úlceras etc.
   
A vila de Poços de Caldas tem progredido muitíssimo nestes últimos nos, graças à ação combinada do prefeito, sr. Francisco Escobar, e da Companhia Termal. Hoje, tem o município 1.000 prédios, mais ou menos, dos quais 700 na zona ocupada pela vila. Esta é iluminada à luz elétrica, compreendendo tal serviço 80 lâmpadas de arco voltaico e 50 lâmpadas incandescentes. A iluminação particular compreende 45 lâmpadas de arco voltaico e 1.630 lâmpadas incandescentes.
   
A usina geradora tem 15,65 x 7,60 m e é provida de um regulador hidráulico Sturgess; a linha de transmissão tem 4.640 metros, e para a produção de energia elétrica são aproveitadas as águas de uma bela cachoeira, próxima à vila.
   
Poços de Caldas possui um excelente serviço de abastecimento de água, que dá uma média de mais de 200 litros por habitante. O comércio conta com regulares recursos, tendo a maior parte das casas comerciais relações diretas com as praças de São Paulo e Rio de Janeiro.
   
A indústria compreende 8 engenhos, um de cana e sete para serrar madeiras; 18 fábricas, a saber: 10 de doces, uma de cerveja, duas de fogos, uma de sabão, uma de manteiga, uma de torrefação de café e duas de macarrão; e mais cinco olarias. A vila tem 9 hotéis de diversas categorias. O número de criadores de gado e fabricantes de queijo ascende em todo o município a 23, e são em número de 8 os fazendeiros de café. A colheita do município vai a 50.000 arrobas.
   
O ensino primário é ministrado em quatro escolas públicas e cinco particulares; e para o ensino secundário há o colégio Santo Domingo. Poços de Caldas possui cinco clubes recreativos, três cinematógrafos e um belo teatro, o Polytheama, com um palco de 10 x 12 m. Em 1910, a receita arrecadada no município foi de Rs. 128:085$561, o que constituiu um aumento de Rs. 46:752$293 sobre a do ano anterior.
   
Coronel Francisco Escobar - O coronel Francisco Escobar, prefeito de Poços de Caldas, nasceu em 1865, em Jaguari, onde foi educado. Aí advogou, de 1886 a 1889. Por esta época, passou a residir no estado de São Paulo, onde exerceu a sua profissão até 1909, ano em que foi escolhido para prefeito de Poços de Caldas. Neste posto, tem revelado a maior dedicação pelo município; e é principalmente à sua ação enérgica que se devem os grandes melhoramentos ali executados nos últimos anos. O coronel Francisco Escobar é proprietário no estado.
José Piffer - O sr. José Piffer, engenheiro arquiteto, nasceu em 1872 em Bozeu, Tirol (Áustria), e estudou arquitetura em Rünchein (Alemanha). Veio em 1890 para o Brasil, onde exerceu a sua profissão, durante 4 anos, em São Paulo. Durante a construção da nova capital do estado de Minas Gerais, em que tomou parte, desenhou e construiu o sr. Piffer numerosos edifícios públicos e particulares, tais como a Faculdade Livre de Direito e a Santa Casa de Misericórdia. Indo para Campinas, em 1905, reconstruiu a Matriz de Santa Cruz, e projetou e construiu o edifício do Centro Ciências, Letras e Artes, Colégio do Sagrado Coração de Jesus, Casa Alemã (filial). Traz muitas obras em construção pelo interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Em Ribeirão Preto, dirigiu a construção da catedral e projetou o Palácio Episcopal.
Sendo chamado a Poços de Caldas, construiu a Matriz, a Prefeitura Municipal e, por conta própria, construiu ainda o Polytheama-Theatro-Casino e o Grande Hotel.
Com a fusão das águas Samaritana e Rio Verde, em Caldas, fundou o sr. Piffer a Companhia Melhoramentos Poços de Caldas e pretende construir um estrada para tração elétrica ou automóveis até Caldas (Pocinhos Rio Verde), onde também haverá um grande hotel e cassino. O sr. Piffer ficará sendo o diretor técnico da empresa".
   
  

domingo, 11 de setembro de 2011

CALDENSE X BRAGANTINO: 1938

O jornal "Cidade de Bragança", de Bragança Paulista, reproduziu um reportagem histórica, de 8 de setembro de 1938. Nicolino dos Santos, redator e diretor do Jornal Cidade de Bragança, na época, foi convidado pela diretoria do C.A. Bragantino para acompanhar a delegação a Poços de Caldas. Acompanhe:
  
“Nicolino dos Santos, representou este jornal, Cidade de Bragança, junto à caravana do Atlético a Poços de Caldas e descreveu em rápidas linhas o que foi a visita dos Bragantinos a Poços de Caldas, a risonha cidade de Minas. O repórter, como muita gente, só conhecia Poços de Caldas através dos jornais e das fotografias. Quem pode não deve deixar de conhecer essa maravilha. Poços é uma cidade dentro de um jardim. É como disse o Júlio Silveira, um brilhante engastado em Minas. É uma viagem longa, longa mas encantadora, duzentos e tantos quilômetros vencidos em sete horas, mais ou menos.
  
Os automóveis em números de dez a doze, partindo em horários diferentes, riscaram as estradas sem o menor incidente, desfraldando a flâmula do valioso quadro dos calções negros. O repórter instalou-se num Ford Typo 29 em companhia de Ruge o guardião, de Wilson Magrini, reserva e de Daniel Bovi e Marcelinho Pinto Teixeira.
 
Deixamos Bragança às 14h30 da tarde. Às 16h mais ou menos alcançamos Itatiba e devorando estradas com a perícia e prudência do motorista Dante, fomos deixando para traz várias cidades: Itatiba, Valinhos, Campinas, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, São João da Boa Vista, Águas da Prata e finalmente Poços de Caldas onde chegamos às 22h da noite, isso porque em todas as cidades percorridas fazíamos um descanso de quinze minutos a espera dos carros retardatários. Alojada a turma da pelota no Hotel Guarany, os caravanistas se distribuíram pelos vários hotéis da cidade. O repórter em companhia de Marcelo Stefani acomodou-se no Hotel Lealdade, onde já se encontravam Assis Leme, Aguiar Leme, Wilson, Ismael Leme e Miguel Longo. Feita a necessária “toilette” o Marcelo saiu em busca dos “craques” que naturalmente se achavam “dispersos” e fez com que todos procurassem as respectivas camas, pois o jogo no dia seguinte, não era lá pra brincadeiras e toda a “macacada” dormiu santamente.
 
Domingo durante o dia foi dedicado às visitas. Não ficou um só ponto da cidade que não fosse visto pelos bragantinos. Tudo foi observado minuciosamente. O cassino, as fontes luminosas, as termas, a Fonte dos Amores, o Country Clube, o Balneário Quisisana, a represa e o aeroporto. Cidade pequena, plano, Poços de Caldas é quase toda asfaltada e pelas suas ruas, muito limpas e brilhantes, circulam inúmeras charretes de aluguel que fazem as delícias dos visitantes em passeios pela cidade. Na Fonte dos Amores, belo e pitoresco recanto, os bragantinos se entregaram ao divertimento das fotografias humorísticas. O repórter conseguiu obter vários retratos impagáveis.
  
O Jogo
Às 16h precisamente, os jogadores em automóveis rumaram para o Estádio “Charles Procópio” onde os aguardava uma assistência numerosa, sendo todos recebidos com uma prolongada salva de palmas. Poucos momentos antes do início da partida, Marcelo Stefani, capitão do quadro do “Atlético” fez a entrega de uma riquíssima flâmula a Nevercinio, capitão do quadro Caldense. Flâmula essa que traduzia o abraço e a amizade dos jogadores bragantinos aos seus colegas mineiros. Obedecendo a chamado do juiz Caetano Lambert, os quadros se alinharam em campo na seguinte formação. Atlético Bragantino: Ruge, Maneco e João Toledo. Pepe, Américo e Marcelo Stefani. Guan Vilchez, Figueiredo, Biba Arruda, Jorginho e Oswal-dinho Arruda. Caldense: Bruno, Maran e Mário. Jayme, Hélio e Tatão. Lolo, Nevercinio, Fubá, Vito e Didio.
  
Às 16h20 começa a partida. Os caldenses atacam com vontade, investindo seguidamente contra a meta defendida por Ruge ou porque estranhe o campo que de fato é pequeno ou devido ao nervo dos jogadores, o nosso quadro joga pessimamente. Não há harmonia. A defesa e a linha jogam completamente afastados. Os caldenses, ligeiros, combinados, cerram o ataque. Não haviam decorridos ainda dez minutos, quando Fubá, recebendo, visivelmente ofesaide (offside) a pelota dos pés de Lolo, abre a contagem para o seu quadro. Alguns protestos, mas o juiz mantém a decisão. Os caldenses continuam a atacar fortemente, obrigando a Ruge praticar belíssimas defesas. O quadro bragantino não anda. Joga desarticuladamente. Cinco minutos depois, Fubá assinala outro ponto. A assistência delira. Com esse feito, parece aumentar ainda mais o desânimo do quadro bragantino. As pontas, Lolo e Didio jogam completamente livres. Da defesa bragantina só Américo desenvolve um jogo firme, bonito, mas atrasado. Guan e Oswaldinho nada fazem. Assim continuam Pepe e Jorginho. Aos vinte e cinco minutos de jogo Vitto aumenta para três a contagem. Mais algumas jogadas e termina o primeiro tempo com o resultado seguinte: A.A. Caldense 3 x 0 C.A. Bragantino.
  
No segundo tempo o quadro do Atlético sofreu ligeira modificação: Jorginho foi substituído por Neco e Guan passou para a meia esquerda. Reiniciando o embate o esquadrão bragantino, com surpresa geral, mostra fortíssima reação, atacando decididamente o campo adversário. Assim é que aos cinco minutos de jogo, Figueiredo, com um belo e fortíssimo tiro, vasa o retângulo caldense. Os bragantinos reanimam-se. O jogo equilibra-se. Três minutos depois Neco assinala o segundo ponto, também conquistado com belíssimo estilo. A torcida bragantina freme em entusiasmo. Os jogadores, idem. A peleja se desenvolve no meio do campo. O Atlético dá várias investidas, mas sem resultado. Falta de sorte. Nada menos de quatro bolas foram chutadas na trave contrária: pelotaços de Neco, Oswaldinho e Figueiredo. Toledo joga como gente grande. Todos se esforçam, com denodo, na esperança de empatar a peleja. Mas a sorte é ingrata. Numa investida dos caldenses, Vito marca o quarto e último tento para o seu clube. O embate prossegue animadíssimo. O quadro mineiro demonstra visível esmorecimento, diante da decidida reação dos bragantinos. Jogassem os nossos assim, no primeiro tempo e a vitória não ficaria, certamente, em Poços de Caldas. Mais alguns lances e o juiz dá por terminado o encontro com resultado seguinte: A.A. Caldense 4 x 2 C.A. Bragantino.
   
Notas da Reportagem
O jogo abrilhantado por uma excelente corporação musical foi irradiado pela P.R.H. 5, Rádio Cultura Poços de Caldas. Reinou, durante o embate, a maior disciplina, nada se verificando que viesse empanar o brilho da magnífica tarde esportiva.
A torcida caldense causou a melhor das impressões. Muito educada e entusiasmada. O juiz da partida, sr. Caetano Lambert, teve uma atuação assim, assim. O sr. Mario de Oliveira Chandó, um dos ótimos elementos do grêmio caldense e funcionário das Termas, sempre se mostrou gentil para com a caravana bragantina, acompanhando-a em todas as visitas e fortalecendo os menos detalhes.
Muito atenciosos e solícitos, se mostraram também os srs. Dr. Wilson Medeiros, Marcello Stefani, dr. Aguiar Leme, Dante Bovi, Marcelinho Pinto Teixeira, todos da caravana bragantina.
De volta, logo adiante de Valinhos, o Ford, tipo 29, foi bamba: tendo sido queimada uma ponte, obstruindo a estrada, o Fordinho varou um areião colossal, conseguindo alcançar, novamente, a estrada de rodagem, com grande alegria do Dante Bovi, o piloto, e dos seus companheiros de viagem. Esta redação se confessa grata, ao Clube Atlético Bragantino, pelo convite e pelas atenções dispensadas ao seu representante, quer durante a viagem, quer em Poços de Caldas.
  
Bolo Esportivo
O “bolo esportivo”, organizado num dos bares da cidade e que atingiu a quantia de 11$500, não teve vencedor. Diante disso, os seus organizadores deixaram nesta redação a importância acima, destinada ao Asylo de Mendicidade.
 
Os Retratos Humorísticos
As impagáveis fotografias, tiradas em Poços de Caldas, encontram-se expostas em “nossa casa”, de Pedro Montanari, situada à Rua Dr. Cândido Rodrigues".
   

sexta-feira, 22 de abril de 2011

SOM AMBIENTE NA RUA

"Em Poços de Caldas, cita-se o caso do prefeito nomeado Ronaldo Junqueira. No último ano de seu mandato, em 1974, ele tomou um empréstimo de 19,6 milhões de cruzeiros junto à Caixa Econômica Estadual -com catorze meses de carência- ou seja, para começar a ser pago por seu sucessor nomeado pelo governador.
   
Com tal quantia, a Prefeitura recapeou todas as ruas centrais da cidade -jogando o asfalto sobre as pedras-, adquiriu um equipamento de rádio FM, iniciou as obras de um estádio municipal, sem falar em outros projetos turísticos de duvidoso retorno. Com isso, Poços de Caldas, além de ter um asfalto que se quebra à medida que as pedras do calçamento vão cedendo, talvez seja hoje uma das únicas cidades do mundo a ostentar som ambiente em suas ruas. Mas não solucionou o seu problema habitacional -existem cerca de quarenta loteamentos mal dimensionados, sem condições de receber os benefícios públicos -nem seus problemas com água e esgoto. E já tem um terço de sua arrecadação comprometido até 1984 com os juros e amortização da dívida".
   
O trecho acima faz parte de uma longa reportagem publicada pela revista Veja na edição 439, de 1977, sob o título "Municipios - O tormento do dinheiro".
  
Impressionante como três décadas depois a reportagem parece contemporânea: "asfalto ruim" deveria ser objeto de tombamento como "patrimônio cultural" da cidade; o "equipamento de rádio FM" é o que deu origem à  rádio municipal Libertas, que precisa se libertar urgentemente de uma medíocre programação recém-adotada, cuja marca é a ausência de qualidade em nome da ampliação do alcance popular, em detrimento da função educativa e cultural que um veículo oficial deve carregar.
  
Quanto aos problemas habitacionais e de água e esgoto, os recentes cortes de abastecimento que Poços de Caldas enfrentou (vão se repetir em 2011?), incluindo a grave contaminação da represa Saturnino de Brito -sem uma explicação convincente um ano depois além de "excesso de flúor", a citação que um secretário estadual fez em Poços de Caldas sobre a qualidade "muito ruim" da água da região, somando o fato de que 75% dos esgotos da cidade são despejados nos mananciais sem qualquer tratamento, culminando com a fala oficial recorrente de que há pessoas esperando moradia em listas desde 1990 explicam o quanto não avançamos na questão.
   
O estádio municipal, mantido como "secundário", a exemplo de outras praças esportivas (seu estacionamento serve de depósito do entulho do monotrilho há anos -clique aqui e aqui para conferir), ostenta justamente o nome de Ronaldo Junqueira, que foi prefeito da cidade de 1971 a 1976 e de 1978 a 1983, entre outros cargos de destaque. De acordo com o site da prefeitura de Poços de Caldas, Ronaldo Junqueira ocupa atualmente o cargo de secretário-adjunto de Serviços Públicos.
  

quinta-feira, 21 de abril de 2011

POÇOS DE CALDAS, UMA PINTURA DE CIDADE


Nacib Nacklé chegou a Poços de Caldas na década de 1940. Em 1966, aos 47 anos, tinha uma exposição permanente no Palace Hotel. Pintor impressionista, foi premiado em São Paulo, Rio e Piracicaba, tendo conquistado inclusive premiação no Salão Paulista de Belas Artes.
   
Essas informações constam de uma reportagem publicada na revista 4 Rodas em 1966, bem como a foto acima, de Jorge Butsuem. Os leitores podem contribuir para enriquecer a história.
   
Clique nas imagens do Memória de Poços de Caldas para ampliá-las.
   

sábado, 26 de março de 2011

O COUNTRY CLUB

É impressionante o legado deixado pelo prefeito Francisco Escobar, que governou a cidade entre 1909 e 1918. De acordo com a publicação “Illustração Paulista”, de 4 de novembro de 1911 -a mesma que Memória de Poços de Caldas usou para corrigir uma informação divulgada pela prefeitura (confira aqui e aqui)-, “o horto municipal e posto zootechnico, creação do prefeito actual, é um dos benefícios mais valiosos prestados pela administração municipal á Villa de Poços de Caldas. Ocupa quatro hectares de terreno lavrado e está confiado o utilissimo estabelecimento ao Sr. Adalberto Rocha, diplomado pela escola Municipal de Pomologia e Horticultura de S. Paulo. É destinado a systematizar e desenvolver a cultura das arvores fructiferas e manter um viveiro de plantas de arborisação e de essenciais florestas". A foto acima é do Posto Zootechnico, na década de 1920. Observe, à direita, o pequeno lago que ainda existe no local.
  
Continua o "Illustração": "Anexo ao horto fica um posto zootechnico –com uma secção destinada á cultura das forragens, o que muito influirá no progresso da indústria pastoril do município e seus arredores. Servirão esses estabelecimentos uma importante zona, cujos campos se prestam á cultura proveitosa de fructos e á criação de gado, com grande vantagem da proximidade das cidades de São Paulo, Santos e outros mercados consumidores”.
  
Já Mario Mourão, no livro “Poços de Caldas – Synthese Historica e Crenologica”, de 1933, recordava, “entre os principaes actos, de Francisco Escobar que podem ser apontados officialmente, em 22 de outubro de 1910, Adalberto Rocha foi auctorisado a fundar e dirigir um Horto Municipal, fornecendo-lhe a Prefeitura mudas, sementes e instrumentos, e demais material, para a cultura de plantas de ornamento, arvores fructiferas fornecidas gratuitamente aos moradores da cidade, assim como para incrementar a facilidade de acquisição de todas as hortaliças, muito escassa então”.
  
Mais adiante, a mesma obra esclarece: “Quando o Dr. Francisco Salles era Ministro da Fazenda, o Prefeito Escobar obteve delle a auctorização para mandar construir aqui um Posto Zootechnico para selecção de animaes e para exposição permanente de bellos exemplares de raça. Tendo sahido do Ministerio o Dr. Francisco Salles, sem cumprir a promessa, o melhoramento ficou, mas esse gasto extraordinario aggravou bastante as finanças da Prefeitura. O Posto Zootechnico, desde a sua fundação, tem sido um offside. Desvirtuado do seu fim, com cocheiras, com pastos, com uma enorme chácara, a Prefeitura, desde o principio, nunca quis lhe dar um fim utilitário, que teria sido um campo de experiências, ou Patronato de Menores ou chamar para alli uma Congregação Religiosa.
 
Como vemos, elle irá apparecendo successivamente nas diferntes gerações de Prefeitos, sendo que o actual Prefeito Dr. Assis Figueiredo parece ter acertado, dando o ao Country Club, para alli fazer as suas installações sportivas".
  
Mourão faz mais referências: "A 23 de novembro de de 1917, foi o Posto Zootechnico arrendado pelo prazo de 8 annos a Emilio Castelar e Thomaz Martinelli para diversões publicas" e ainda "Rescindindo o contracto com Martinelli & Cia., a 25 de abril de 1918, foi arrendado ao Sr. Joaquim Nunes Tassára, do Rio de Janeiro, o Posto Zootechnico, tendo o arrendatario se obrigado a alli gastar 100 contos de réis para um Prado de Corridas, um campo de football, com archibancadas, tudo para fins sportivos. A 6 de agosto de 1918, Escobar lavrou seu ultimo contracto com Cassio Prado, arrendando-lhe o Horto Municipal”.
  
Mais adiante, Mourão informa, referindo-se a Polycarpo de Magalhães Viotti, prefeito de Poços de Caldas entre 1918 e 1920: “Em 4 de junho de 1919, o Prefeito Viotti rescindiu o contracto do Posto Zootechino com o Dr. Joaquim Nunes Tassára, transferindo-o para a firma Theodoro do Valle & Cia, devendo-se consignar o quanto esse conhecido clubman contribuiu para a vida social de Poços de Caldas”, sendo que em dezembro de 1919 “o Cel. Theodoro do Valle transferiu o contracto do Posto Zootechino a Companhia Melhoramentos” e, por fim, “veio o Dr. José de Paiva Azevedo, cujo primeiro acto foi a 12 de dezembro de 1925, rescindindo o contracto de arrendamento do Horto Municipal com a Companhia Melhoramentos. Nessa epocha, se discutia muito a questão da propaganda da estancia, tendo sido organisada pelo Dr. Mario Mourão, Palmirio d´Andréa e outros a Sociedade de Propaganda de Poços de Caldas, que prestou excellentes serviços, augmentando muito a concorrencia, tendo o Dr. Paiva Azevedo feito a doação do Posto Zootechnico a essa Sociedade”. Paiva Azevedo foi prefeito de Poços de Caldas entre 1925 e 1927. Abaixo, o local na década de 1930, já conhecido como Country Club.
Duas outras curiosidades: em julho de 1921, dois italianos - Giovanni Ruba e e Vasco Cinquini- protagonizaram o primeiro pouso de um avião em Poços de Caldas. O voo, previsto para chegar às 10 da manhã, acabou acontecendo cinco horas depois, e foi testemunhado por centenas de moradores. Recebidos com festa, foram obrigados a passar alguns dias na cidade por conta dos estragos que o avião sofreu na aterrisagem. Já em abril de 1936, outros dois pilotos, desta vez norte-americanos -R. F.Whitehead e C.C. Gil- pousaram em Poços de Caldas. O pouso resultou em capotamento do avião. Ambos eventos aconteceram no campo que havia em frente o Posto Zootechnico -o antigo campo de golf, hoje Parque Municipal.
  
Um século depois, como está o Country Club? Em suma, sentindo o peso do desleixo da administração pública. Para começar, logo na entrada há um portal em mau estado, denotando a pouca manutenção aplicada, no qual se lê numa placa “Secretaria de Obras e Viação” e “Sec. Mun. De Serviços Urbanos”, denominações há muito abandonadas pela adminstração. A atual Secretaria Municipal de Projetos e Obras Públicas, bem como a Secretaria Municipal de Serviços Públicos ocupam espaços ali, o que em tese deveria significar o encontro de um parque primoroso, bem cuidado e mantido, alvenarias em ordem e vegetação impecável. Nada disso. Prevalece a máxima “casa de ferreiro, espeto de pau”: se nem mesmo a placa indicativa foi alvo de atenção, o que dirá o conjunto todo.
Passando a entrada, está o pequeno lago, de muitas histórias, entre elas a foto do então metalúrgico Lula, futuro presidente do Brasil, que passou a lua de mel em Poços de Caldas e passeou de barquinho ali. O cenário é desolador –o que não é incomum em muitos logradouros históricos e turísticos da cidade-, destacando-se por exemplo a  emblemática “favelinha” que serve de moradia aos patos que frequentam o lago (patos, no caso, as aves propriamente ditas).
   
O local foi notícia recentemente, numa daquelas muitas ações midiáticas mirabolantes que as autoridades costumam utilizar. Em 17 de novembro de 2009, o site da prefeitura destacava a informação "Detentos revitalizam casarão do Country Club", quando um grupo de presos participou de um projeto de “recuperação” do antigo Casarão de Eventos que existe no Country Club. A nota destacou ainda que “na ampla varanda, um mural com fotos, depoimentos, informações sobre o projeto e letras de música contava a história de um sonho realizado: a parceria entre a Prefeitura, a PUC Poços e a Subsecretaria de Administração Penitenciária, que, muito mais que trazer beleza ao casarão, trouxe também novo ânimo e novas oportunidades aos presos”. Sob o beneplácito de autoridades municipais e órgãos de defesa do patrimônio histórico, o casarão recebeu uma cor certamente muito diferente da original, atitude incompatível com o interesse preservacionista que deve valer nesses casos.
  
Um ano e meio depois da "obra" e o cenário já é ruim de novo. Na parte inferior do prédio é possível ver que há madeirites fechando janelas; a antiga porta foi pintada de qualquer jeito e, por meio de um vitrô quebrado é possível observar a existência de um depósito de bugigangas como redes, cintos ou mancebos, certamente fruto de apreensões nas sempre rigorosas fiscalizações municipais. Nem mesmo a plaquinha “Richter e Lotufo Arquitetura e Construções”, empresa que construiu a nova sede do futuro Country Club na década de 1940  resistiu às pinceladas com “tinta à base de terra” ali empregada. Fica uma pergunta no ar: há quanto tempo não acontece um evento nesse Casarão de Eventos?
  
Um volta pelo complexo do Country Club e nova decepção. Se as quadras de tênis e as piscinas recebem manutenção, o mesmo não se pode dizer das sorumbáticas quadras poliesportivas: simplesmente abandonadas, sem marcações, cimento irregular e mato crescendo no concreto. Lembre-se que é o mesmo espaço ocupado por duas secretarias que têm como escopo a manutenção, conservação e limpeza de áreas públicas.
O próprio casarão, que de longe até impressiona, é palco do desprezo de alguns servidores que, ignorando a existência de centenas de vagas para estacionamento dos carros chapa-branca, utilizam-se da varanda do prédio para estacionamento. "Vaguinha coberta" sempre é bom, mas o piso ali vai se perdendo em prol da mordomia de ter o carro sempre fresco. Para comprovar o relaxo, exatamente nessa varanda está uma placa na qual se lê “Conjunto Arquitetônico e Paisagístico do Country Club – tombado pelo município". Se é tombado, quem autoriza estacionar na varanda? E quem fiscaliza essa postura incompatível no mínimo com as boas práticas de preservação do patrimônio? Essa mesma placa levanta uma dúvida, ao afirmar que “No ano de 1951 passa a ser denominado Country Club”, contrariando Francisco Escobar, que já tratara do tema. Mera curiosidade. Como também é curiosa a presença de uma bandeja plástica (talvez um arremedo de comedouro para aves) sobre a proteção da pequena sacada do casarão, que nos anos 1940 abrigava uma placa com os dizeres “Serviço de Chá e Restaurante”, conforme atesta a imagem abaixo.
Há muito mais a se dizer do Country Club: no local onde hoje está a pista de skate havia um Matadouro Municipal. Ou o campo de golf onde hoje é o Parque Municipal, em que até Getúlio Vargas jogou, ou ainda que lá, em 1972, começou o Museu Histórico e Geográfico, funcionando por 24 anos até ser transferido para a Vila Junqueiras. Mas o importante é dizer -e insistir, reiterar, implorar até- que os gestores públicos preservem como se exige o patrimônio histórico de Poços de Caldas.
  
Tarefa árdua. A imprensa publicou em 25/3/2011 a fala do secretário estadual de Meio Ambiente, que diz estar a água da região "muito ruim". Para quem não sabe, 75% do esgotos de Poços de Caldas sequer são tratados. Vão para os rios do jeito que saem das privadas -palavras duras para demonstrar que nem mesmo o bem natural mais precioso que existe, e que deu origem, vida e nome à cidade, está sendo preservado.
  
Nessa ótica, patrimônio histórico vira assunto periférico. Um erro.
  
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quinta-feira, 24 de março de 2011

CASÉ E O CARNAVAL DE CUECAS

   
Bons tempos em que o carnaval de Poços de Caldas frequentava a mídia pela qualidade e bom humor. A foto acima, do grupo instrumental do saxofonista Casé, demonstra a tese: imaginem a produção dessa imagem, com os músicos tirando as calças para posar em festivas cuecas samba-canção junto à Fonte Luminosa da cidade. Bem diferente do recente "funeral do prefeito", protagonizado pelos artistas locais no carnaval de 2011.
   
Casé, ou José Ferreira Godinho Filho, mineiro de Guaxupé, morreu aos 46 anos, em 1978. Tranquilo e introvertido, gravou o primeiro disco em 1956, "História do Jazz em São Paulo", com Dick Farney e outros grandes nomes da música. Em meados da década de 1960 "mudou-se para Poços de Caldas, onde trabalhava na orquestra do Palace Hotel".  publicou a Folha de São Paulo alguns dias depois de sua morte, em reportagem intitulada "Um Pelé do instrumento". 
   
Casé tocou também com outros ícones da música brasileira, incluindo a orquestra de Sylvio Mazzuca e Sargentelli.
   
Saiba mais clicando aqui e aqui.
   
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